Um ataque com mísseis atingiu a estação de trem em Kramatorsk, a cerca de 690 quilômetros de Kiev, na região de Donetsk, leste da Ucrânia. Segundo informações iniciais, ao menos 30 pessoas morreram no ataque nesta sexta (8), 44º dia da guerra da Rússia no território ucraniano. A Rússia nega participação no ataque.
“De acordo com dados operacionais, mais de 30 pessoas foram mortas e mais de 100 ficaram feridas no ataque à estação ferroviária de Kramatorsk”, disse Oleksandr Kamyshin, chefe da empresa de transporte ferroviário da Ucrânia. “Este é um golpe deliberado para a infraestrutura de passageiros da ferrovia e os moradores de Kramatorsk.”
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que as forças russas atacaram uma estação ferroviária “onde milhares de ucranianos pacíficos esperavam para serem evacuados”. “Os não-humanos russos não abandonam seus métodos. Sem força e coragem para nos enfrentar no campo de batalha, eles estão destruindo cinicamente a população civil. Este é um mal que não tem limites. E se não for punido, nunca vai parar.”
Em nota, o Ministério da Defesa da Rússia negou participação no ataque, dizendo as declarações de ucranianos ligando os russos a essa ação “são uma provocação e são absolutamente falsas”. “Em 8 de abril, as Forças Armadas russas não tiveram missões de fogo na cidade de Kramatorsk”.
Para Andriy Yermak, chefe de gabinete da Presidência da Ucrânia, “o ataque com mísseis na estação ferroviária de Kramatorsk é outro crime sangrento, uma tentativa dos russos de interromper a evacuação e intimidar as pessoas”.
Membro da delegação ucraniana que negocia com os russos, Mykhailo Podolyak disse que a Rússia é um “Estado terrorista” e que “comprar petróleo e gás [da Rússia] é financiar o terrorismo”. Na opinião dele, o ataque à estação “é um ato deliberado de intimidação”. “Dezenas de civis mortos e feridos. Famílias com crianças que estavam tentando evacuar”.
Hoje, Zelensky recebe a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que viaja para Kiev, a capital do país. A Ucrânia ainda está sob ataques, agora mais concentrados no sul e, principalmente, no leste, atual foco da Rússia. Para a inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido, a expectativa é que o exército russo faça um direcionamento em massa para esta região ao longo da próxima semana.
Ainda contabilizando os mortos após o massacre em Bucha, o governo ucraniano disse que a situação é “muito pior” em outra cidade também da região de Kiev: Borodianka. Nesta pequena cidade “há mais vítimas” do que em Bucha, disse Zelensky.
Visita da UE
A visita da presidente da Comissão da UE (União Europeia) é comemorada pelo governo ucraniano. “Diplomacia internacional retorna a Kiev”, disse Yermak. Ele citou também o retorno de diplomatas da Lituânia, Letônia, Turquia e Eslovênia à capital ucraniana.
“Acredito que a presença de embaixadores estrangeiros em Kiev é um importante indicador de apoio à Ucrânia, bem como um passo que pode definitivamente acelerar a paz”, disse. Ontem, a UE aprovou um quinto pacote de sanções contra a Rússia.
Míssil contra Odessa
O Ministério da Defesa da Rússia divulgou imagens do lançamento de um míssil, a partir do Mar Negro, contra a região de Odessa, no sul da Ucrânia, em um ataque contra infraestrutura militar.
Segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, ao menos dois edifícios foram danificados pelo ataque em Odessa. “Infelizmente, há vítimas”, disse o comunicado, apontando que o número ainda era apurado. Segundo os ucranianos, o ataque foi feito com três mísseis.
Pressão na ONU
Zelensky quer que a ONU (Organização das Nações Unidas) atue para que haja um isolamento internacional contra a Rússia. Para ele, oito anos depois da invasão russa à Crimeia, é preciso trocar a “preocupação” por “ultimato”.
“É por isso que agora você precisa cortar diplomaticamente a Federação Russa”, disse em entrevista a um canal de televisão da Índia. “Se você não sabe como fazer isso, vamos desenvolver um formato e passos específicos poderosos para colocar a Rússia em seu lugar. Você não precisa falar em preocupação. Você precisa falar com eles com ultimatos. Suas próprias armas. Porque eles falam conosco e com o mundo inteiro apenas com ultimatos.”
Para Zelensky, “a ONU pode fazer muito”, ressaltando que a palavra “preocupação” não é suficiente para interromper a guerra, que chegou hoje a seu 44º dia. “Se estamos falando do isolamento da Federação Russa em várias organizações internacionais, então deve haver isolamento, e não reuniões constantes com eles, apertos de mão, sentar-se à mesma mesa, falando sobre a necessidade de resolver de alguma forma a questão, que estamos novamente preocupados…”
Ontem, a ONU suspendeu a Rússia de seu Conselho de Direitos Humanos. O Brasil absteve-se na votação.
Borodianka Ontem, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, disse que socorristas tinham encontrado 26 corpos nos escombros de dois edifícios bombardeados na cidade, que tinha pouco mais de 13.000 habitantes antes da guerra. Mas “é impossível prever” quantos mortos houve no local, acrescentou Venediktova, para quem a localidade “é a cidade mais destruída da região”. Segundo a procuradora-geral, na cidade, não há base militar.
Hoje, o serviço de emergências da Ucrânia informou que “agora, a principal tarefa do destacamento combinado que trabalha no local é encontrar cada vítima para que os parentes possam se despedir”.
Fonte: Uol