O governo brasileiro e autoridades chinesas formalizaram um acordo que prevê o início de estudos técnicos sobre a construção de um corredor ferroviário interoceânico nesta segunda-feira (7), em Brasília. A ideia é conectar as ferrovias brasileiras de Integração Oeste-Leste (Fiol), Centro-Oeste (Fico) e Norte-Sul ao porto de Chancay, no Peru, inaugurado recentemente com investimento chinês.
As pesquisas serão conduzidas pela Infra S.A., estatal vinculada ao Ministério dos Transportes, e pelo China Railway Economic and Planning Research Institute, instituição especializada em pesquisa, planejamento estratégico e consultoria técnica para o setor ferroviário.
Atualmente, parte da infraestrutura ferroviária já está em implantação no Brasil. A Fiol liga Ilhéus, na Bahia, a Mara Rosa, em Goiás. Dessa cidade parte a Fico, que avança até Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso. Mara Rosa também é ponto de interligação com a Ferrovia Norte-Sul, que percorre do Maranhão ao interior paulista.
A partir de Lucas do Rio Verde, o traçado planejado da Ferrovia Bioceânica seguirá rumo à fronteira com a Bolívia, cruzando Rondônia e o Acre até alcançar o Peru. De lá, a linha férrea deverá chegar ao terminal portuário de Chancay, situado cerca de 70 quilômetros da capital Lima.
O objetivo do projeto é consolidar uma rota multimodal que integre ferrovias, rodovias e portos, ampliando o escoamento da produção agrícola e mineral brasileira com destino aos mercados asiáticos. Hoje, a ligação entre Brasil e Peru já ocorre pelas rodovias federais BR-364 e a BR-317, que formam corredor contínuo até o Pacífico.
A assinatura do memorando ocorreu na véspera do encerramento da reunião de cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro. No comunicado final do encontro, os países do bloco destacaram a importância de ampliar investimentos em infraestrutura de transportes para promover o desenvolvimento e reforçar a cooperação entre economias emergentes.
A iniciativa também faz parte do conjunto de acordos firmados em novembro de 2024 entre os presidentes Lula e Xi Jinping.
No primeiro semestre deste ano, representantes do instituto ferroviário chinês visitaram o país para reuniões. O tema voltou a ser debatido em maio, durante a visita oficial de Lula a Pequim.
Fonte: Forbes