Conforme o Taleban avança por mais cidades e províncias do Afeganistão, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, autorizou o envio de 5 mil soldados ao país. Segundo o comunicado da presidência, o objetivo é garantir uma retirada ordenada e seguradas tropas americanas e dos aliados afegãos.
“Com base nas recomendações de nossas equipes diplomáticas, militares e de inteligência, autorizei o envio de aproximadamente 5.000 soldados dos EUA para garantir que possamos ter uma retirada ordenada e segura do pessoal dos EUA e outro pessoal aliado e uma evacuação ordenada e segura dos afegãos que ajudaram nossas tropas durante nossa missão e daqueles em risco especial com o avanço do Taleban”, disse Biden.
O presidente ainda anunciou outras medidas do país no Afeganistão, entre elas: direcionar a comunidade de inteligência para garantir a capacidade de vigilância contra “futuras ameaças terroristas”; encarregar o secretário de Estado, Antony Blinkey, para apoiar o presidente afegão Ashraf Ghani; e determinar à embaixadora Tracey Jacobson a responsabilidade dos esforços “para transportar e realocar os solicitantes de visto especial de imigrante afegão e outros aliados afegãos”.
Os avanços do Taleban no Afeganistão começaram depois que os Estados Unidos iniciaram o seu processo de retirada das tropas do país.
Em 2020, o então presidente Donald Trump assinou um histórico acordo de país com o grupo extremista prometendo retirar as tropas se eles não continuassem a apoiar forças terroristas.
Em abril deste ano, Biden confirmou a promessa de retirada completa das tropas até o final de agosto. Porém, analistas já temiam que uma retirada precoce das forças poderia causar o avanço do Taleban.
Até o momento, o grupo já tomou quase vinte cidades e províncias, algumas delas estratégicas e muito próximas da capital Cabul. As forças militares americanas temem que o grupo ocupe a capital — onde vive a maioria da população— dentro de 30 dias.
“Ao longo dos 20 anos de guerra de nosso país no Afeganistão, os Estados Unidos enviaram seus melhores jovens, investiram quase US $ 1 trilhão de dólares, treinaram mais de 300.000 soldados e policiais afegãos, equiparam-nos com equipamento militar de última geração e mantiveram seus Força Aérea como parte da guerra mais longa da história dos Estados Unidos” disse Biden em seu pronunciamento.
“Mais um ano, ou mais cinco anos, de presença militar dos EUA não teria feito diferença se os militares afegãos não pudessem ou não quisessem manter seu próprio país. E uma presença americana sem fim no meio do conflito civil de outro país não era aceitável para mim”, acrescentou Joe Biden.
Mais cidades ocupadas
O Taleban tomou neste sábado Mazar-i-Sharif, grande cidade do norte do Afeganistão, “sem encontrar grande resistência”, o que representa um grande passo para a ofensiva dos insurgentes que se estende por todo o país e ameaça a capital Cabul.
Mazar-i-Sharif é a quarta maior cidade do Afeganistão e onde vivem cerca de 500 mil pessoas. “Os combatentes tomaram Mazar-i-Sharif e todos os edifícios oficiais estão sob seu controle”, garantiram os talebans em comunicado.
Horas antes, o presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, garantiu que o combate contra o Talibã continuava.
“A remobilização de nossas forças de segurança e defesa é nossa prioridade número um e medidas sérias estão sendo tomadas para esse fim”, disse Ghani, em um discurso à Nação.
A situação militar é crítica para o governo. Em pouco mais de uma semana, o Talibã assumiu o controle de quase todo o norte, oeste e sul do Afeganistão e chegou na periferia de Cabul.
Os insurgentes estão a apenas 50 km da capital e não dão sinais de que vão diminuir o passo. Neste sábado, também tomaram a província de Kunar, no leste do país, e logo poderão se aproximar da capital pelo norte, sul e leste.
Além de Cabul, Jalalabad (leste), Gardez e Khost (sudeste) são as únicas outras cidades importantes ainda controladas pelo governo.
Fonte: Uol com AFP