ARACAJU/SE, 22 de outubro de 2024 , 16:16:27

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Confira fatos curiosos sobre Cleópatra, a rainha do Egito que seduziu os romanos e uma das mulheres mais icônicas da história

 

Cleópatra era bonita? Discutível. Ela era charmosa? Provavelmente. Era politicamente astuta e decidida a usar tanto seu gênero quanto seu poder descomunal para atender às suas necessidades? Com certeza.

Talvez nenhuma figura histórica tenha inflamado tanto as paixões – e os debates – quanto Cleópatra 7. Destinada a ser a última de sua dinastia, a faraó egípcia usou a sedução e o conhecimento político para promover os interesses do antigo Egito em face da expansão romana.

Mas, embora ela seja uma das mulheres mais conhecidas da história, há pouco que os historiadores e arqueólogos podem dizer com certeza sobre Cleópatra. Veja a seguir o que se sabe sobre a lendária, porém misteriosa, rainha do Egito.

Quem foi Cleópatra?

Nascida do rei egípcio Ptolomeu 12 Auletes e de uma mãe desconhecida em 69 a.C., Cleópatra era membro de uma antiga dinastia grega que havia tomado o Egito em 305 a.C.

Embora o Reino Ptolomaico tivesse adotado algumas tradições religiosas egípcias, ele governava a partir da cidade de Alexandria, que tinha maioria grega. Como resultado, Cleópatra cresceu falando grego koiné, embora tenha sido a única de sua linhagem a aprender egípcio. Sua vida estaria inextricavelmente ligada à agitação no Egito e à política do Império Romano.

Como Cleópatra chegou a governar o Egito?

Quando seu pai morreu em 51 a.C., Cleópatra, com então com 18 anos, mergulhou em uma controvérsia sobre qual dos filhos de Ptolomeu deveria governar o Egito. No início, ela governou em conjunto com o mais jovem Ptolomeu 13, chegando até a se casar com ele em um gesto de concordância com a tradição egípcia.

No entanto, o jovem rei queria o trono para si mesmo, e a guerra civil logo eclodiu quando eles formaram facções para ajudá-los a obter o poder total. Em resposta, Cleópatra fugiu por um breve período para a Síria, controlada pelos romanos.

O pai de Cleópatra tinha simpatia – e dependência – da Roma antiga durante seu governo. Os irmãos beligerantes não eram diferentes e rapidamente se alinharam com diferentes lados na guerra civil que estava se formando em Roma. De seu exílio na Síria, Cleópatra pediu ajuda a Júlio César, na época um general e político que pretendia se tornar o único ditador de Roma, para recuperar seu trono.

Cleópatra e Júlio César

Apesar da grande diferença de idade – Júlio César era cerca de 30 anos mais velho que Cleópatra – e do fato de ele ser casado, eles iniciaram um relacionamento romântico e ele prometeu apoiá-la.

Em 47 a.C., enquanto fugia das tropas de César, Ptolomeu 13 se afogou no rio Nilo, perto de Alexandria. Com o Egito nas mãos de César, Cleópatra retomou o trono como seu, casou-se rapidamente com seu irmão de 12 anos, Ptolomeu 14, e o declarou seu co-governante. Ela deu à luz uma criança que seus contemporâneos presumiram ser filho de César, a quem deu o nome de Cesário. (Não, essa não é a origem do termo “cesárea”).

O relacionamento de Cleópatra e César durou até o assassinato dele nos Idos de Março em 44 a.C., pelas mãos de seus inimigos no Senado romano.

Cleópatra estava em uma longa visita a Roma na época do assassinato de César e permaneceu lá por um breve período na esperança de convencer os romanos a reconhecer Cesário como o legítimo herdeiro do poder romano. Logo, porém, ela retornou a Alexandria, onde se acredita que seu irmão tenha sido assassinado por veneno antes de assumir seu trono novamente ao lado de Cesário.

Marco Antônio e Cleópatra

César estava morto, mas o relacionamento de Cleópatra com Roma estava longe de terminar. O general romano Marco Antônio – que havia ascendido ao poder como um dos três líderes conjuntos de Roma, ou triúnviros – exigiu uma reunião com Cleópatra em um esforço para continuar a aliança egípcia-romana. Ansiosa para manter o estreito relacionamento do Egito com Roma, Cleópatra viajou para Tarso, na atual Turquia, para encontrá-lo em 41 a.C.

Acredita-se que Cleópatra tenha chegado a Tarso para conhecer Marco Antônio em grande estilo em uma suntuosa barcaça. “Cleópatra investia suas excursões oceânicas com trajes cuidadosamente escolhidos, associações divinas, tecidos e joias caras, batom vermelho, música e essências exóticas”, escreve a historiadora de arte Diana E. E. Kleiner.

A intenção da faraó egípcia era impressionar, e funcionou. Quase imediatamente, ela iniciou um tórrido caso de amor com o casado Marco Antônio, que se mudou para Alexandria para ficar com ela.

A queda de Cleópatra

Mas a paixão de Antônio por Cleópatra – e os supostos excessos de sua vida na sede do poder egípcio – levaram à queda de ambos. O governante romano mergulhou em uma guerra total com seus co-triúnviros e seu próprio povo, que se ressentiam do que consideravam ser a influência do Egito nos assuntos romanos.

Após uma batalha em 30 a.C., a rainha egípcia percebeu que as tropas de Antônio estavam caminhando para a derrota total. Então, ela se barricou em seu mausoléu real e disse a Antônio que planejava se matar. Em resposta, Antônio se esfaqueou e acabou morrendo nos braços dela.

Cleópatra tentou negociar com Otávio, antigo cogovernante de seu amante, mas quando percebeu que ele pretendia levá-la cativa e exibi-la nas ruas como um prêmio, ela novamente se barricou em sua tumba com alguns servos e se matou, provavelmente com veneno. O governo de sua dinastia chegou ao fim, e o Egito foi tomado por Roma.

O que não sabemos sobre Cleópatra

Diz a lenda que Cleópatra tirou a própria vida com a ajuda de uma serpente víbora venenosa chamada áspide, mas não há provas. Os arqueólogos também nunca encontraram o mausoléu onde ela, e provavelmente Antônio, morreram.

Como Chip Brown escreveu para a edição de julho de 2011 da revista National Geographic norte-americana, “a maior parte da glória que foi a antiga Alexandria agora está a cerca de 6 metros debaixo d’água”.

Também não há como avaliar a precisão dos retratos históricos da rainha egípcia, que são profundamente contraditórios e mostram os preconceitos de sua época. Algumas moedas existentes mostram Cleópatra como uma mulher de aparência simples, enquanto outras retratam uma imagem espelhada de Marco Antônio, refletindo as opiniões de seus criadores sobre a ligação da governante com seu amante romano. Ainda há debates sobre a raça de Cleópatra, embora os historiadores apontem que não só não sabemos com certeza, mas todo o nosso conceito de raça não existia na época de Cleópatra.

As fontes escritas sobre Cleópatra também são escassas. A biblioteca de Alexandria foi destruída várias vezes, levando consigo relatos contemporâneos de Cleópatra. De acordo com o antigo cronista Plutarco, cuja biografia de Antônio é um dos relatos mais detalhados do reinado de Cleópatra, Cleópatra era uma mulher de “beleza brilhante e… no auge do poder intelectual”.

Mas ele escreveu sobre a rainha egípcia centenas de anos após sua morte – e trouxe um ponto de vista decididamente romano para seu trabalho sobre a rainha.

Apesar da nossa falta de compreensão sobre a vida de Cleópatra, ela continua sendo relevante até hoje. Da tragédia de Shakespeare aos documentários e filmes de ficção feitos para o cinema, ela ganhou uma reputação quase lendária como uma política astuta com uma capacidade quase sobre-humana de sedução.

Embora a primeira fosse quase certamente verdadeira, talvez nunca saibamos por que alguns dos homens mais poderosos do mundo sucumbiram aos encantos de Cleópatra. O que é certo é que, mais de 2 mil anos após sua morte, a mulher que tão habilmente governou os homens e seu povo ainda consegue encantar e mistificar o público moderno.

Fonte: National Geographic Brasil

 

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