ARACAJU/SE, 25 de julho de 2025 , 18:11:59

Departamento de Justiça dos EUA alertou Trump sobre citação em arquivos de Epstein, diz jornal

 

O departamento de Justiça dos EUA avisou em maio o presidente Donald Trump de que seu nome aparecia nos arquivos do milionário Jeffrey Epstein, que abusava sexualmente de menores de idade. A informação foi publicada pelo jornal “Wall Street Journal” nesta quarta-feira (23).

“Em maio, (a procuradora-geral dos EUA Pam) Bondi e seu vice informaram ao presidente, em uma reunião na Casa Branca, que seu nome constava nos arquivos de Epstein”, diz a reportagem.

“Eles disseram ao presidente na reunião que os arquivos continham o que as autoridades consideraram ser boatos não verificados sobre muitas pessoas, incluindo Trump, que haviam socializado com Epstein no passado”, afirma a reportagem.

Os documentos incluiriam “centenas de outros nomes”, afirma o texto do “‘Wall Street Journal”. “Ser mencionado nos registros (de Epstein) não é sinal de irregularidade”.

A Casa Branca disse que a reportagem do “WSJ” é “fake news”.

No último dia 7 de julho, o Departamento de Justiça da Casa Branca emitiu uma nota sobre o caso Epstein dizendo que, após uma investigação conduzida pelo FBI, concluiu-se que o empresário havia cometido suicídio na prisão, e que não havia evidências de que ele mantinha uma “lista de clientes” que também participavam dos abusos sexuais. A declaração causou polêmica, já que teorias da conspiração que circulam tanto entre democratas quanto entre republicanos questionam que Epstein tenha realmente cometido suicídio — e afirmam que ele manteria uma lista com nomes de clientes poderosos para os quais facilitava encontros sexuais com menores de idade.

Jeffrey Epstein (1953-2019), multimilionário e próximo de figuras da elite política e financeira dos EUA, abusou de menores de idade pelo menos desde os anos 1990. Ele foi encontrado morto na cela de uma prisão em Nova York, em 2019, onde aguardava seu julgamento.

Ghislaine Maxwell, sua amiga próxima, foi condenada em 2022 a 20 anos de prisão por tráfico sexual de menor de idade.

Entenda o caso:

  • No último dia 7, o Departamento de Justiça e o FBI afirmaram que, após uma “revisão exaustiva dos registros investigativos relacionados a Jeffrey Epstein”, não foi encontrada a suposta lista de contatos de Epstein cuja existência era defendida por teorias conspiratórias que circulam há anos nas redes sociais.
  • “Essa revisão sistemática não revelou nenhuma ‘lista de clientes’ incriminadora. Também não foram encontradas evidências credíveis de que Epstein tenha chantageado indivíduos influentes como parte de suas ações. Não descobrimos evidências que justificassem a abertura de investigação contra terceiros que não foram acusados”, afirma o texto.
  • Em fevereiro, o governo dos EUA havia divulgado uma série de arquivos sobre a investigação do caso. A procuradora-geral de Trump, Pam Bondi, chegou a afirmar que uma lista de clientes de Epstein estava em sua “mesa para ser revisada”.
  • Em junho, o bilionário Elon Musk fezo o caso Epstein voltar à tona, afirmando que Trump estaria ligado ao escândalo sexual.
  • Trump e Epstein foram amigos entre as décadas de 1990 e 2000, e o nome de Trump aparece em registros de voos ao lado do empresário em 1994.

Quem foi Jeffrey Epstein?

Segundo as investigações, Epstein abusou de dezenas de meninas menores de idade no início dos anos 2000. Ele foi preso pelos crimes em 2019, mas tirou a própria vida dentro da prisão um mês após ser detido.

Epstein conviveu com milionários de Wall Street, membros da realeza e celebridades antes de se declarar culpado de exploração sexual de menores em 2008.

Como funcionava o esquema?

Segundo a acusação, entre 2002 e 2005, Epstein pagava em dinheiro para que meninas fossem até imóveis dele e realizassem atos sexuais. As menores também eram contratadas para recrutar outras garotas para a mesma finalidade.

Dezenas de mulheres acusaram Epstein de forçá-las a prestar serviços sexuais a ele e a seus convidados em uma ilha particular no Caribe e nas casas que ele tinha em Nova York, na Flórida e no Novo México.

Segundo o governo dos Estados Unidos, o bilionário explorou sexualmente mais de 250 meninas menores de idade.

Investigação e prisão

Epstein foi investigado pela primeira vez em 2005, após a polícia de Palm Beach, na Flórida, receber denúncias de abusos sexuais contra garotas menores de idade. Na época, ele alegou que os encontros foram consensuais e que acreditava que as vítimas tinham 18 anos.

Segundo a acusação, o bilionário abusou de menores ou recrutou garotas para atos sexuais entre 2002 e 2005. Em 2008, ele se declarou culpado do crime de exploração de menores e fechou um acordo para cumprir 13 meses de prisão e pagar indenizações às vítimas.

Em fevereiro de 2019, um juiz distrital da Flórida alegou que o acordo era ilegal. Em julho do mesmo ano, ele foi preso e criminalmente acusado por abuso de menores e por operar uma rede de exploração sexual.

À época, promotores federais argumentaram que Epstein deveria permanecer detido até o julgamento. Eles argumentaram que a “riqueza exorbitante” do empresário, além da posse de aviões privados e os laços internacionais que ele tinha, poderiam facilitar uma fuga.

Epstein foi encontrado morto na prisão em agosto de 2019. A autópsia concluiu que ele tirou a própria vida. Dois dias antes de morrer, o bilionário assinou um testamento deixando um patrimônio avaliado em mais de US$ 577 milhões.

Após a morte do empresário, as acusações contra ele foram retiradas. No entanto, os procuradores afirmaram que poderiam acusar outras pessoas envolvidas no esquema. Advogados das vítimas também prometeram buscar indenização nos tribunais.

Quais nomes foram revelados?

Em 2024, o caso ganhou novas dimensões após a divulgação de documentos judiciais. À época, descobriu-se que mais de 150 nomes foram citados no processo.

Os arquivos revelados fazem parte de um processo de difamação movido por Virginia Giuffre, principal acusadora de Epstein, contra Ghislaine Maxwell, ex-namorada do bilionário. Ghislaine foi condenada por recrutar meninas menores de idade para a rede de exploração sexual do bilionário.

Entre os nomes citados no caso estão o de Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos, e o do príncipe britânico Andrew.

Em depoimento de 2016, uma das vítimas relatou que Epstein mencionou que Clinton “gostava de jovens”. Um porta-voz do ex-presidente confirmou que ele viajou no avião particular de Epstein, mas negou qualquer envolvimento com os “crimes terríveis” do milionário.

Outra testemunha relatou que, em 2001, o príncipe Andrew colocou a mão em seu seio durante um encontro na casa de Epstein em Manhattan. O próprio Andrew negou qualquer envolvimento.

Apesar de não enfrentar acusações criminais, príncipe perdeu a maioria de seus títulos reais. Em 2023, ele fechou um acordo judicial com Virginia Giuffre por uma quantia não revelada e negou envolvimento no caso.

Nome de Trump nas anotações

Os documentos revelados em fevereiro deste ano somam cerca de 200 páginas e revelam registros de voos, uma lista de evidências e outros nomes ligados a Epstein.

Entre os registros de voo, aparecem os nomes de várias pessoas conhecidas, como famosos e empresários, incluindo anotações para “Donald Trump”.

Em duas delas, de maio de 1994, o nome de Trump aparece ao lado do de outras pessoas, como o de Marla Maples, ex-esposa do presidente, e o da filha Tiffany. O registro também mostra as iniciais “JE”, que seriam de “Jeffrey Epstein”, segundo a imprensa americana.

Nunca houve, ao longo das investigações, nenhuma evidência de que o presidente tenha envolvimentos em crimes ligados a Epstein. Inclusive, é de conhecimento público que os dois foram amigos entre as décadas de 1990 e 2000.

Já na lista de provas, por exemplo, estão dezenas de itens apreendidos pelas autoridades durante a investigação, como câmeras, computadores, fotos de mulheres, documentos e mídias eletrônicas.

Fonte: G1

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