ARACAJU/SE, 8 de maio de 2025 , 18:46:17

Dezenas de líderes mundiais, incluindo Lula, comparecem à Rússia para assistir à cerimônia do 80º aniversário da vitória soviética sobre Alemanha nazista

 

A Rússia comemora, nesta sexta-feira (9), o 80º aniversário da vitória soviética e aliada sobre a Alemanha nazista, embora exista o receio de que a Ucrânia possa tentar perturbar uma das celebrações mais importantes calendário russo.

Vinte e nove líderes mundiais, incluindo o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o dirigente da China, Xi Jinping, comparecerão, segundo informações do Kremlin.

“Apesar da atitude hostil em relação à Rússia por parte de vários países ocidentais, estamos realizando com muito sucesso um evento de grande escala”, disse Iuri Uchakov, principal assessor de política externa do governo de Vladimir Putin.

A lista de participantes esperados inclui os líderes das ex-repúblicas soviéticas da Armênia, Azerbaijão, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão.

Também são esperados os líderes de Bósnia, Burkina Fasso, Congo, Cuba, Egito, Guiné Equatorial, Etiópia, Guiné-Bissau, Laos, Mongólia, Mianmar, Autoridade Palestina, Sérvia, Eslováquia, Venezuela, Vietnã e Zimbábue. Os líderes da Abcásia e da Ossétia do Sul, duas regiões rebeldes amplamente consideradas como parte da Geórgia, também são esperados.

Líderes ocidentais de importantes vencedores aliados na Segunda Guerra Mundial, como o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, não comparecerão, embora alguns veteranos americanos participem do desfile.

A emissora estatal russa Zvezda disse que o secretário de Estado americano, Marco Rubio, poderia comparecer, mas o Kremlin afirmou não ter informações sobre seus planos.

A Ucrânia convidou altos líderes e funcionários da União Europeia para Kiev na mesma ocasião.

Como será a celebração

No desfile na Praça Vermelha, em Moscou, soldados russos marcham ao som de canções da Segunda Guerra Mundial, respondem aos seus comandantes e conduzem equipamentos militares, como mísseis balísticos intercontinentais e tanques, passando pelo Mausoléu de Lênin.

Putin faz um discurso, geralmente cercado por veteranos. O ministro da Defesa da Rússia inspeciona os milhares de tropas que desfilam, enquanto caças, deixando rastros de fumaça nas cores branca, azul e vermelha da bandeira russa, sobrevoam o local.

Após três dias de grandes ataques de drones ucranianos em Moscou, há temores de que o desfile possa ser interrompido, embora o Kremlin tenha dito que os militares estão fazendo tudo o que podem para garantir a máxima segurança. A Rússia desenvolveu inúmeros “guarda-chuvas eletrônicos” sobre Moscou e instalações-chave, com camadas internas adicionais avançadas sobre edifícios estratégicos, e uma complexa rede de defesas aéreas para derrubar drones antes que cheguem ao Kremlin, no coração da capital.

O Kremlin classifica os ataques da Ucrânia de atos de terrorismo. A Ucrânia diz que está reagindo após três anos de ataques russos.

A segurança é extremamente rigorosa em Moscou. O Kremlin disse que haveria interrupção nos sinais de telefonia móvel, e até mesmo alguns clubes esportivos no centro reduziram o horário de funcionamento e alertaram os clientes de que haverá revistas.

Putin propôs um cessar-fogo de 72 horas que ocorrerá nos dias 8, 9 e 10 de maio. O Kremlin disse que respeitará o cessar-fogo, mas que responderá se a Ucrânia atacar.

O presidente ucraniano Volodimir Zelenski chamou a proposta de cessar-fogo de inútil e, em vez disso, sugeriu um cessar-fogo incondicional por pelo menos 30 dias, mantendo a proposta dos EUA lançada em março.

Dia da Vitória soviético

A União Soviética perdeu 27 milhões de pessoas na Segunda Guerra Mundial, incluindo muitos milhões na Ucrânia, mas empurrou as forças nazistas de volta a Berlim, onde Adolf Hitler cometeu suicídio e a Bandeira da Vitória soviética vermelha foi hasteada sobre o Reichstag em maio de 1945.

Para muitos russos — e para muitos outros povos da antiga União Soviética —, o dia 9 de maio é a data mais sagrada do calendário, e Putin, irritado com o que ele diz serem tentativas do Ocidente de diminuir a vitória soviética, tem procurado usar as memórias da Segunda Guerra Mundial para unir a sociedade russa.

Historiadores do Partido Comunista Chinês dizem que as baixas da China na Guerra Sino-Japonesa de 1937-1945 foram de 35 milhões. A ocupação japonesa causou o deslocamento de até 100 milhões de chineses e significativas dificuldades econômicas, além do Massacre de Nanjing em 1937, durante o qual estima-se que entre 100 mil e 300 mil vítimas foram mortas.

A rendição incondicional da Alemanha nazista entrou em vigor às 23h01 do dia 8 de maio de 1945, marcado como “Dia da Vitória na Europa” por Grã-Bretanha, Estados Unidos e França. Em Moscou já era 9 de maio, que se tornou o “Dia da Vitória” da União Soviética no que os russos chamam de Grande Guerra Patriótica de 1941-1945.

Após a vitória, o líder soviético Josef Stálin decretou um feriado, e o primeiro desfile da vitória na praça Vermelha, apresentando insígnias alemãs capturadas, foi realizado em 24 de junho de 1945.

O dia 9 de maio foi um dia normal de trabalho de 1947 até 1965, quando o então líder soviético Leonid Brejnev ordenou um desfile do 20º aniversário na praça Vermelha, com veteranos e armamento histórico. Outros foram realizados em 1985, 1990 e 1995.

A ocasião para mostrar o moderno equipamento militar soviético eram os desfiles realizados na praça Vermelha em 7 de novembro de cada ano diante do Politburo do Partido Comunista reunido para marcar o aniversário da Revolução Bolchevique de Vladimir Lênin em 1917.

Desde 2008, o Dia da Vitória tornou-se uma ocasião não apenas para honrar os sacrifícios de uma geração anterior, que estão gravados na memória popular dos russos mais velhos, mas também para polir a imagem de uma Rússia pós-comunista restaurada à sua antiga grandeza.

Fonte: Reuters

 

 

 

 

 

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