O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou, em seu programa semanal na televisão estatal, uma parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) para desenvolver um projeto de 10 mil hectares para produzir alimentos na Venezuela.
A dirigente do MST Simone Magalhães participou da transmissão ao lado de Maduro para comentar o projeto, cujo objetivo seria eventualmente chegar a 100 mil hectares produtivos no país. Durante o programa, o líder chavista elogiou a experiência “altamente bem-sucedida” do movimento no Brasil.
Após o anúncio, ex-vice-presidente venezuelano e atual secretário-executivo da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba), Jorge Arreaza, elogiou a parceria firmada entre o governo da Venezuela e o MST, e aproveitou a oportunidade para criticar o governo brasileiro.
“O presidente Nicolás Maduro cumpre o projeto sonhado pelo comandante Hugo Chávez e pelo MST (e pelo governo brasileiro da época, diferente do atual)”, escreveu Arreaza. O secretário referia-se ao primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que, apesar de ter retornado à presidência brasileira, tem se distanciado do governo chavista.
Desde a contestada eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela, Maduro e seus aliados têm criticado a postura dos países que pedem a divulgação das atas eleitorais, entre eles o Brasil.
Ao lado do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, Lula chegou a sugerir que o governo venezuelano realizasse novas eleições ou então fizesse um “governo de coalizão”. A proposta não foi bem recebida por Caracas. Maduro pediu que mundo “não se meta nos assuntos internos da Venezuela”, enquanto a líder da oposição, María Corina Machado, chamou a sugestão de “falta de respeito”.
Mais de 40 países da ONU pedem que Venezuela publique atas da eleição
Uma declaração conjunta formulada nesta quinta-feira (12) por 41 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) solicita ao Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) que publique imediatamente os resultados de todas as atas eleitorais e permita a verificação dos dados para promover a credibilidade do processo eleição de 28 de julho.
“Tomamos nota do relatório preliminar do Painel de Peritos das Nações Unidas, que concluiu que o processo eleitoral ficou aquém das ‘medidas básicas de transparência e integridade’ que são essenciais para a realização de eleições credíveis”, leu o ministro de Relações Exteriores do Panamá, Javier Martínez Acha, representando os Estados membros que emitiram o apelo nesta quinta-feira.
O painel da ONU que esteve na Venezuela entre o final de junho e 2 de agosto publicou um relatório preliminar que critica o processo eleitoral no país, no qual o CNE declarou Nicolás Maduro vencedor das eleições sem mostrar os resultados desagregados por centro e estação de votação. O governo venezuelano rejeitou o parecer emitido pelo painel naquele momento, considerando que “nada mais é do que um ato de propaganda que serve os interesses golpistas da extrema-direita venezuelana”.
O comunicado desta quinta-feira também aplaude o povo venezuelano por ter participado nas eleições, apesar dos desafios significativos, e exige que a sua decisão seja respeitada, após mais de 80% das atas publicadas pela oposição terem mostrado um resultado diferente do anunciado pelo CNE e validado pelo Tribunal Superior.
Quanto à partida para Espanha do candidato Edmundo González, os Estados subscritores do apelo expressam que foi em resposta à ordem de prisão política emitida pelas autoridades venezuelanas que González foi “forçado ao exílio”.
Fonte: CNN Brasil