Nayib Bukele chega às eleições deste domingo (4), em El Salvador, em uma condição sem precedentes em democracias modernas: em uma eleição que indica ser limpa e democrática, o atual presidente chega com uma vantagem de quase 75 pontos percentuais, o que torna qualquer oposição a seu governo obsoleta.
Uma pesquisa do Instituto Universitário de Opinião Pública (Iudop) indica que o candidato do partido Novas Ideias teria 81,9% das intenções de voto. A Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), principal frente socialista no país, estaria em um segundo lugar, com 4,2% da preferência.
Outras pesquisas diferem em número, mas não na constatação de que Bukele deve se tornar um presidente hegemônico. O Centro de Estudos Cidadãos aponta uma vantagem de 69,9 pontos percentuais, e uma terceira pesquisa aponta Bukele com 70% das intenções de voto.
Além disso, serão eleitos prefeitos e o Legislativo do país — onde o partido do presidente deve se tornar quase onipresente. As pesquisas apontam que o Novas Ideias deve levar, sozinho, 57 das 60 cadeiras do Congresso Nacional.
Dois partidos devem dividir as três cadeiras restantes, que não darão força nenhuma para contrapor as ideias do governo — os restantes, sem vaga, correm risco concreto de extinção. O único alento da oposição é a possibilidade de abstenção, que pode chegar a 15%, assim como os 6% que pensam em votar nulo.
Bukele e seu poder devastador completam o primeiro mandato com aprovação histórica superior a 90%, mas não sem polêmicas: em sua luta contra as gangues do narcotráfico, ele prendeu 2% de toda a população adulta do país; ordenou a invasão do Exército ao Congresso Nacional; trocou a moeda do país por dólares e bitcoins; alterou a Constituição do país para concorrer a um inédito segundo mandato; e construiu a maior prisão do mundo — que virou um caso de estudo a deputados de direita brasileiros.
O seu combate às gangues de crime organizado no país (uma chaga histórica salvadorenha) chamou a atenção de críticos, que alegam seguidas violações de direitos humanos. O sucesso na contenção do crime, no entanto, levou a popularidade do presidente à números inéditos, que serão confirmados neste domingo.
Fonte: Crusoé