ARACAJU/SE, 29 de julho de 2025 , 5:29:51

Em retomada econômica, Milei anuncia redução nos impostos sobre exportações agropecuárias da Argentina

 

O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou uma redução nas alíquotas de impostos sobre exportações (as chamadas retenciones) de diversos produtos do agronegócio, durante a abertura oficial da 137ª Exposição de Pecuária, Agricultura e Indústria Internacional no sábado (26). As medidas foram apresentadas como permanentes e fazem parte de um pacote mais amplo de desoneração tributária e desregulamentação do setor.

O imposto sobre as exportações de carne bovina e de frango caiu de 6,75% para 5%. Para o milho e o sorgo, a taxa foi de 12% para 9,3%. No caso do girassol, as retenciones passaram de 7,5% e 5% para, respectivamente, 5,5% e 4%. Já a soja, principal produto de exportação da Argentina, teve sua alíquota reduzida de 33% para 26% e os subprodutos, de 31% para 24,5%.

Segundo o presidente, essas reduções representam uma queda líquida de 20% na tributação das cadeias de grãos e de 26% na cadeia de carnes. Ele afirmou que a medida só foi possível graças ao superávit fiscal do governo, e reiterou que “as retenciones não terão volta” durante seu mandato.

Milei afirmou que seu governo eliminou o controle cambial e o Imposto PAIS, o que teria devolvido cerca de 30% de rentabilidade ao setor rural. Ele também destacou a facilitação da importação de fertilizantes, a redução de tarifas e a reabertura para a importação de máquinas agrícolas usadas, medida que, de acordo com o presidente, reduziu os custos em até 50%.

Outra mudança importante, segundo Milei, foi a abertura do mercado para a vacina contra a febre aftosa. Ele garantiu que, já na próxima campanha, haverá oferta do imunizante por até metade do valor histórico.

O presidente também anunciou a criação de linhas de crédito lastreadas em quilos de carne, com a finalidade de permitir que os produtores se recapitalizem e ampliem seus rebanhos sem receio das variações de preço do gado.

Agro argentino elogia medida do governo

A recepção do anúncio entre os representantes do setor agropecuário foi majoritariamente positiva, embora marcada por cautela. Em declarações ao jornal La Nación, lideranças do agronegócio apontaram que a redução é um passo na direção esperada, mas ressaltaram que o objetivo final segue sendo a eliminação completa das retenções.

O presidente da Sociedade Rural Argentina, Nicolás Pino, avaliou como positivo o gesto do governo e destacou que o setor precisa de “regras claras e condições previsíveis” para atrair investimentos e ampliar sua competitividade. “A Argentina tem uma oportunidade histórica: o mundo precisa do que produzimos”, afirmou.

Na pecuária, representantes das associações de criadores de raças como Angus e Hereford viram na medida um estímulo para ampliar a produção e o investimento no setor. Alfonso Bustillo, da Associação Argentina de Angus, destacou que a previsibilidade da política de exportações é essencial, dado o ciclo de longo prazo da atividade. “O mais relevante é que essa redução se mantenha ao longo do tempo”, afirmou.

Por outro lado, produtores independentes e empresários apontaram que a medida ocorre em um momento crítico, com custos elevados e margens apertadas. Alejandro de La Tour, da Associação de Criadores de Hereford, mencionou que a redução, embora modesta, pode levar a ajustes nas estratégias de cultivo e manejo, sobretudo no trigo, cevada e soja, em plena fase de fertilização.

Na indústria de máquinas agrícolas, a medida foi vista como positiva. Néstor Cestari, empresário do setor, destacou que incentivos ao campo acabam se refletindo em toda a economia. “O importante não é só anunciar, mas cumprir. O impacto pode ser relevante se houver continuidade”, afirmou.

Em entrevista à Associated Press, Eduardo Buzzi, ex-presidente da Federação Agrária Argentina, classificou os anúncios como “intranscendentes” e “demagogia pré-eleitoral”, associando as medidas ao calendário das eleições legislativas, previstas para setembro e outubro. Segundo ele, os problemas estruturais do setor, como o atraso cambial e os custos de produção, não foram resolvidos.

Buzzi também apontou que o aumento das alíquotas sobre soja e milho no início de julho gerou insatisfação entre os produtores, enfraquecendo o impacto das novas reduções anunciadas.

Fonte: Globo Rural

 

 

Você pode querer ler também