ARACAJU/SE, 18 de novembro de 2025 , 22:50:48

Empresários brasileiros querem o Paraguai para investir, afirma vice-ministro da Indústria

 

As tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros estão provocando uma onda migratória no setor industrial da América do Sul. Empresários do Brasil têm intensificado o interesse em transferir operações para o Paraguai como alternativa para manter a competitividade diante do embate comercial com o mercado norte-americano.

Em entrevista ao jornal La Nación, o vice-ministro da Indústria do Paraguai, Marco Riquelme, afirmou que o governo tem recebido visitas de empresários brasileiros com pressa para estabelecer produção local. “Estamos vendo uma diversidade de empresários brasileiros apurados para mudar suas máquinas e fábricas, porque grande parte de seu negócio era com os Estados Unidos”, relatou. “Com as novas tarifas, os negócios perderam competitividade”.

Um ponto mencionado por Riquelme é o de uma empresa têxtil brasileira que decidiu investir, inicialmente, US$ 3 milhões na instalação de uma unidade fabril no país. A perspectiva, segundo ele, é de que esse investimento possa ser ampliado para US$ 50 milhões, a depender das condições e resultados da primeira fase. O vice-ministro externou que os empresários têm mostrado interesse especial no regime de maquila, sistema paraguaio que permite a importação de insumos com benefícios fiscais para montagem e reexportação de produtos, sobretudo para os Estados Unidos.

Além do setor têxtil, o Paraguai também está de olho em atrair indústrias de alta tecnologia. Na semana passada, Ciudad del Este foi sede do 2º Fórum de Tecnologia e Semicondutores Taiwan–Paraguai, organizado em conjunto com o governo de Taiwan, com o intuito de abrir caminho para a instalação de fábricas asiáticas no país sul-americano.

Yuri Omar Yefinczuk, empresário com atuação no setor de tecnologia no Brasil, acredita que o Paraguai apresenta condições propícias para receber esse tipo de indústria. “As fábricas que estão em Taiwan, Coreia do Sul, China ou Japão podem vir para cá, porque são fábricas bastante automatizadas. Precisam de mão de obra técnica, mas dá para preparar”, emendou.

“O Brasil empurrou a gente para o Paraguai”, diz CEO da Lupo

A tradicional fabricante brasileira de meias Lupo, com sede em Araraquara (SP), deu um passo ousado diante das pressões fiscais e doa forte competição internacional. A empresa inaugurou sua nova fábrica em Ciudad del Este, no Paraguai. O ato foi motivado, sobretudo, pelo impacto tributário decorrente da sanção da Lei nº 14.789/2023, que alterou a forma de tributação dos incentivos fiscais relacionados ao ICMS.

“Não é que a Lupo foi para o Paraguai, o Brasil empurrou a gente para o Paraguai”, declarou Liliana Aufiero, CEO da empresa, em entrevista publicada no domingo (16) pela Folha de S.Paulo. Segundo ela, os tributos comprometeram a rentabilidade das operações nacionais: “Os impostos estão comendo a operação de forma violenta”.

A fábrica em Ciudad del Este tem capacidade para produzir até 20 milhões de pares de meias por ano, representando um investimento de R$ 30 milhões e a geração de aproximadamente 110 empregos. A operação paraguaia permite à Lupo trabalhar com uma estrutura de custos pelo menos 28% menor que a brasileira.

Além da questão fiscal, a concorrência foi outro fator que influenciou a decisão da empresa. No Paraguai, uma fabricante local controlada por um empresário chinês tem atuado de forma competitiva no mercado brasileiro, vendendo produtos a preços baixos e sem investir em construção de marca. Para Liliana, era necessário obter condições semelhantes: “Se ele consegue vender no Brasil sem investir em marca, e oferecer um bom produto a um custo menor, eu tenho que ter as mesmas vantagens”.

Hoje, a Lupo conta com 9 mil funcionários, 911 franquias, nove lojas próprias, cinco fábricas e três centros de distribuição. O faturamento da empresa em 2024 foi de R$ 1,85 bilhão. Uma das apostas da empresa tem sido a linha esportiva. Lançada em 2011, a Lupo Sports já representa 22% das vendas totais. No primeiro semestre deste ano, o segmento cresceu 28%, enquanto a marca principal registrou avanço de 2%.

Fonte: Conexão Política

 

 

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