ARACAJU/SE, 24 de novembro de 2024 , 6:52:23

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Entenda como acampamentos pró-Palestina em universidades norte-americanas podem impactar candidatura à reeleição de Biden

 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se viu alvo de uma imensa pressão de acampamentos universitários pró-Palestina espalhados pelo país nas últimas semanas. Na batalha contra o ex-presidente e candidato republicano, Donald Trump, pela Casa Branca, o democrata não pode tropeçar na angariação de votos para se manter no cargo — segundo as últimas pesquisas, eles estão em empate técnico: Trump leva 45%; Biden, 44%. Perder o apoio da Geração Z, dos nascidos entre 1997 e 2010, pode custar a vitória nas próximas eleições, marcadas para novembro deste ano.

Na ida às urnas de 2020, Biden liderou com folga entre jovens, com uma vantagem de 25 pontos percentuais em relação a Trump nessa camada da população, de acordo com uma pesquisa da AP VoteCast. Agora, o jogo parece estar virando. Ainda que Biden permaneça popular entre aqueles de 18 a 29 anos, Trump tem avançado em conquistar o rebento perdido: está com 37 pontos percentuais, 23 a mais do que últimas eleições.

Os protestos nas universidades americanas, englobando também as da Ivy League, e a insatisfação jovem com o apoio “inabalável” de Biden a Israel podem, então, trazer uma boa dor de cabeça para a campanha democrata. Desde o início dos acampamentos, centenas de estudantes foram presos após agentes de segurança invadirem acampamentos, incluindo os campi da Universidade Columbia, Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), Faculdade Emerson e Faculdade da Cidade de Nova York.

Professores, como Caroline Fohlin e Noëlle McAfee, da Universidade Emory, também foram detidos. Embora a Casa Branca insista que as manifestações não afetarão o desempenho eleitoral de Biden, uma vez que os universitários integrariam apenas uma parcela dos 41 milhões de eleitores elegíveis da “Geração Z” em 2024, o problema soma-se à divisão interna do Partido Democrata. Na quarta-feira (1º), 57 democratas no Congresso pediram a Biden que suspendesse a ajuda a Israel para impedir os ataques à superpovoada cidade de Rafah, ao sul da Faixa de Gaza.

Posição de Biden

O presidente dos EUA foi defensor ferrenho do pacote de US$ 95 bilhões (cerca de R$ 485 bilhões) a Israel, Ucrânia e Taiwan, tendo pressionado a Câmara dos Representantes — antes travada por republicanos linha-dura que se opunham à ajuda externa frente à proteção da fronteira com o México — a aprová-lo. Os estudantes, por sua vez, exigem um cessar-fogo e a interrupção da apoio financeiro americano ao “genocídio” cometido por Israel contra a Faixa de Gaza, onde mais de 34 mil palestinos foram mortos desde o início do conflito, em 7 de outubro.

Sobre os protestos, Biden se afastou de declarações enfáticas e se ateve a condenar tanto “os protestos antissemitas” quanto “aqueles que não entendem o que está acontecendo com os palestinos”. O professor e pesquisador da Universidade Emory, Thomas D. Rogers, destaca que a opinião pública americana “pode ter um grande impacto na trajetória da guerra”, especialmente em um contexto eleitoral “com ambos os candidatos e ambos os partidos manobrando para maximizar o voto”.

“Até agora, Biden fez mais ou menos o que o Trump teria feito, imagino: oferecer total apoio para o governo de Israel. Mas com grandes partes do Partido Democrata, especialmente os jovens, manifestando outra posição, é possível que a campanha possa ajustar as táticas. Pacotes de ajuda menores, declarações mais enfáticas de apoio ao cessar-fogo, enfim, mudanças deste tipo poderiam alterar a história”, diz Rogers.

Fonte: VEJA

 

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