Em 6 de agosto de 1945, um avião bombardeiro norte-americano chamado Enola Gay seguiu em direção ao Japão. O alvo era a cidade de Hiroshima, onde a aeronave lançou uma bomba atômica exatamente às 8h15 da manhã, como descreve um documento do Bradbury Science Museum – o museu público oficial do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos Estados Unidos.
A bomba atômica, cujo código de detonação ganhou o nome de Little Boy, era feita de urânio e pesava cerca de 4 mil 400 quilos. Ela explodiu a cerca de 600 metros acima do solo com uma força de 15 mil toneladas de trinitrotolueno (TNT), causando efeitos devastadores.
Como consequência imediata, a bomba atômica em Hiroshima destruiu 8 km² da cidade, de acordo com o Museu.
Além disso, aproximadamente 70% dos prédios foram arrasados e queimados, diz a International Campaign to Abolish Nuclear Weapons (da sigla ICAN) – e em português algo como Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares – uma coalizão de organizações não governamentais de 100 países que promove a adesão e a implementação do Tratado das Nações Unidas sobre a Proibição de Armas Nucleares (Tratado da ONU sobre a Proibição de Armas Nucleares).
Diante de uma explosão tão grande, milhares de vidas sofreram com as consequências. Estima-se que 140 mil pessoas morreram na cidade japonesa em decorrência do bombardeio feito no final de 1945. Milhares de sobreviventes foram afetados por queimaduras, ferimentos e efeitos da exposição à radiação, informam a ICAN e um artigo sobre o tema na Encyclopaedia Britannica, uma plataforma de informações de referência mundial com mais de 250 anos de história.
Como grande parte da cidade foi arrasada, os sobreviventes do ataque não puderam receber atendimento imediato e adequado. De acordo com a coalizão internacional, 90% dos profissionais médicos e de enfermagem foram mortos ou feridos e 42 dos 45 hospitais ficaram inoperantes.
Além disso, a incidência de leucemia, além de cânceres de tireoide, mama, pulmão e outros, aumentou após o bombardeio.
Como a bomba atômica de Hiroshima influenciou a Segunda Guerra Mundial
As bombas atômicas lançadas primeiro sobre Hiroshima, em 6 de agosto, e posteriormente em Nagasaki, em 9 de agosto de 1945, marcaram o verdadeiro fim da Segunda Guerra Mundial, argumenta o historiador Mario Marcello Neto, doutor em história pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em um artigo da National Geographic publicado em 2022.
Embora a guerra tenha terminado oficialmente na Europa em 8 de maio de 1945, um dia após a assinatura da rendição da Alemanha, o conflito continuou ocorrendo na Ásia, aponta o historiador brasileiro.
Mas em 10 de agosto de 1945, um dia após o bombardeio de Nagasaki, o governo japonês emitiu uma declaração comprometendo-se a aceitar as condições de rendição dos Aliados estabelecidas na Declaração de Potsdam (um ultimato emitido pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e China em 26 de julho de 1945, pedindo a rendição incondicional do Japão na Segunda Guerra Mundial).
“Os japoneses se deram conta de três coisas: essas bombas não eram únicas e os Estados Unidos poderiam usá-las quantas vezes quisessem. Eles também perceberam que Tóquio estava correndo um risco real de destruição total e, finalmente, viram que não havia outra maneira de vencer a guerra”, disse Neto ao NatGeo.
O lançamento das duas bombas atômicas também se tornou um precedente importante para o desenvolvimento da Guerra Fria e a proliferação de armas nucleares em todo o mundo, diz a Britannica. Na Guerra Fria, as duas superpotências mundiais do pós-Segunda Guerra – Estados Unidos e União Soviética – passaram a pleitear, de cada lado, por uma superioridade política, econômica e nuclear no mundo.
Mais de 75 anos após o lançamento das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, a Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que, “embora os efeitos dessas bombas persistam até hoje, o mundo não só não conseguiu se livrar dessas armas, como também aumentou seu arsenal”.
Fonte: National Geographic Brasil