As Forças Armadas do Equador lançarão operações de forças especiais nacionalmente em uma tentativa de combater grupos e indivíduos que cometam terrorismo no país, disse o ministro da Defesa, Luis Lara, nesta sexta-feira (28).
O conselho de segurança do Equador declarou o terrorismo uma ameaça à segurança do país na noite de quinta-feira (27), pedindo a implementação de medidas para combater grupos criminosos.
O conselho também solicitou que o presidente Guillermo Lasso emitisse um decreto autorizando o uso de força letal pelas forças de segurança para combater grupos criminosos organizados.
Lasso, um ex-banqueiro conservador, tem lutado para conter o aumento da criminalidade e da violência nas ruas e prisões do Equador, que o governo atribui a disputas por território e poder entre quadrilhas do narcotráfico.
“Nas operações contra o terrorismo, não hesitaremos em colocar em prática toda a experiência, capacidade e profissionalismo dos nossos militares, porque é hora de dizer ‘basta’ a esses criminosos e seus aliados”, disse Lara aos jornalistas.
O governo está trabalhando para identificar grupos criminosos que estão cometendo terrorismo, acrescentou.
A Assembleia Nacional do Equador, que está no meio de um processo de impeachment contra Lasso por suposto peculato, está debatendo uma reforma constitucional que permitiria aos militares patrulhar as ruas sem que o Estado de emergência fosse declarado.
Lasso nega acusações de peculato
O Equador vive dias turbulentos devido ao aumento da taxa de homicídios no país, que segundo o centro de estudos americano Insight Crime aumentou 86% no ano passado. Sofre também as consequências de uma crise no sistema prisional que continua com uma espiral de violência e uma luta contra o narcotráfico que afeta cada vez mais a segurança da população.
E no meio de tudo isso, há o turbilhão político em torno da figura do presidente Guillermo Lasso: a Assembleia Nacional do país está avançando com os procedimentos para cassá-lo pelo suposto crime de peculato. Assim, com um Congresso equatoriano de maioria oposicionista, o presidente pode enfrentar impeachment em um futuro próximo.
Guillermo Lasso conversou com Andrés Oppenheimer, da CNN, sobre como enfrentaria uma possível cassação do seu mandato, a luta contra o narcotráfico e sua visão do país. Estes são alguns trechos da entrevista.
“O que está acontecendo no Equador é um debate entre dois modelos: aquele populista e totalitário, que nós, equatorianos, já conhecemos de 2007 a 2017, e um modelo que meu governo representa, que é um modelo democrático, liberal e humanista”, diz Lasso sobre o que está em jogo em seu país como resultado do processo de impeachment.
“A democracia, a Presidência da República como instituição, meu governo e eu estamos sob ataque de uma oposição que não quer reconhecer as conquistas do meu governo em apenas 22 meses de gestão”, afirma, acrescentando: “eles querem me tirar porque sou desconfortável para muitos deles, não para todos”.
Questionado sobre a instância que lhe resta se for destituído em um processo de impeachment, Guillermo Lasso responde: “Resolvi ir à Assembleia Nacional me defender, porque também tenho que defender minha honra, não cometi peculato e tenho que dizer a todos os membros da Assembleia. Depois disso, tomarei a decisão que considero mais adequada para o Equador”.
Essa decisão inclui a figura constitucional conhecida coloquialmente como morte cruzada? Lasso afirma que não quis decretar porque pensou “que a estabilidade é o que nos permite baixar a inflação, alcançar o crescimento econômico, gerar empregos”.
A morte cruzada é uma figura jurídica que faculta ao presidente dissolver a Assembleia Nacional para depois convocar eleições, a fim de renovar os Poderes Legislativo e Executivo.
“Tanto o narcotráfico quanto a corrupção têm alguns membros da Assembleia, não digo todos, alguns membros da Assembleia, que direi publicamente no dia que eu for à Assembleia. Eles têm seus representantes e também esses representantes desses grupos de corrupção e narcotráfico. Temos que enfrentá-los”, afirma o presidente.
Lasso atribui em parte o aumento da criminalidade às atividades relacionadas ao narcotráfico. Ele garante que seu governo deu golpes significativos em termos de produção e apreensões, o que, segundo ele, equivale a uma média anual de 200 toneladas por ano.
“O que está acontecendo? Que os grupos criminosos organizados, os presidiários, não têm drogas para traficar, não têm drogas. Então, sua capacidade criminosa muda para outros crimes, como extorsão, chantagem, tentativas de sequestro e também mortes violentas”, afirma.
Fonte: CNN