Os governos do Panamá e dos Estados Unidos assinaram, nessa segunda-feira (1º), um memorando de entendimento para fechar o estreito de Darién, uma perigosa selva que conecta a América do Sul à América Central e que tem sido incluída por milhares migrantes em uma rota frequentemente letal que se estende até a fronteira americana.
O memorando é um acordo que expressa convergência de interesses entre países, mas que não tem poder vinculante, diferentemente de um contrato, por exemplo. No contexto de migração, o documento estabelece diretrizes e intenções para cooperar no controle e na gestão do fluxo de pessoas.
Cerca de mil pessoas conseguem concluir a perigosa travessia de Darién todos os dias, de acordo com dados oficiais. A selva, que tem 266 quilômetros de extensão, é uma das principais rotas que migrantes de diversas partes do mundo usam para chegar aos EUA — depois da floresta, muitos passam por toda a América Central e pelo México para chegar à fronteira americana.
Em 2023, mais de 500 mil pessoas cruzaram a passagem de Darién em direção aos EUA, enfrentando perigos como animais selvagens, rios com fortes correntezas e grupos criminosos que assaltam, estupram e matam migrantes. O local é um dos mais mortais para migrantes em todo o mundo.
Os migrantes que cruzam Darién são, em sua maioria, venezuelanos, haitianos, equatorianos e colombianos, mas também há pessoas de países da África e do resto do Caribe. Estima-se que cerca de 3 milhões de migrantes entrem nos EUA todos os anos.
Segundo comunicado divulgado pelo governo panamenho, a Casa Branca concordou em cobrir custos de repatriação dos migrantes que entram ilegalmente no estreito de Darién.
O governo americano já havia anunciado, no último dia 11, que o país vai intensificar o combate contra o tráfico de pessoas na selva de Darién. Washington disse que uma unidade especializada criada em 2021 vai atuar na área. Essa equipe já trabalhou em Honduras, Guatemala, El Salvador e México.
O Departamento de Estado disse ainda que vai oferecer até US$ 8 milhões por qualquer informação que leve à captura de traficantes em Darién — em especial aos líderes do Clã do Golfo, um dos cartéis colombianos que atua na região.
O presidente eleito do Panamá, José Raúl Mulino, que tomou posse nessa segunda-feira (1º), prometeu fechar a travessia e deportar migrantes que entrem no país pela fronteira com a Colômbia, mas descartou durante a campanha a construção de um muro.
Fonte: Folha de S.Paulo