O ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández foi condenado por um tribunal federal dos Estados Unidos, nessa quarta-feira (26), a 45 anos de prisão por permitir que narcotraficantes utilizassem a força militar e a polícia nacional de Honduras para ajudar a levar toneladas de cocaína para o território americano. Ele também foi multado em US$ 8 milhões pelo júri.
“Eu sou inocente”, disse Hernández em sua sentença. “Fui acusado injustamente”.
O juiz federal dos EUA responsável pela condenação, Kevin Castel, chamou Hernández de um “político de duas caras e sedento por poder”. Em março, um júri o considerou culpado de três acusações de tráfico de drogas e conspiração. A pena atual é superior à estipulada pelo caso: para as três condenações, a sentença máxima é de 40 anos. No entanto, os promotores do caso buscavam uma prisão perpétua e mais de 30 anos de cadeia.
O ex-presidente é acusado pelos promotores de ter trabalhado com traficantes de drogas em 2004, recebendo milhões de dólares em subornos enquanto ascendia a presidente do Congresso Nacional. Em seu depoimento, Hernández chegou a reconhecer que o dinheiro das drogas foi pago pelos partidos políticos de Honduras, mas negou ter aceitado as ofertas de suborno.
Durante a audiência, Hernández afirmou que seu julgamento foi injusto porque o júri não permitiu que fossem incluídas provas que levariam à sua inocência. Ele também afirmou que estava sendo perseguido por políticos e traficantes de drogas. Seu irmão também foi condenado à prisão perpétua nos EUA em 2021 por acusações de tráfico de drogas.
Segundo testemunhas do caso, o ex-presidente protegia certos traficantes de cocaína, incluindo o mexicano Joaquín “El Chapo” Guzmán, que agora cumpre pena de prisão perpétua nos EUA.
Hernández é o primeiro ex-chefe de Estado a ser considerado culpado de tráfico de drogas nos EUA desde que o general Manuel Noriega, ditador do Panamá entre 1983 e 1989, foi preso em 1992. A condenação do ex-líder hondurenho marcou uma queda para o político que já foi um dos maiores aliados de Washington.
Fonte: VEJA