O governo do Equador estuda a possibilidade de que forças especializadas de outros países entrem temporariamente no país para combater o crime organizado transnacional.
Em um comunicado, o governo equatoriano disse, nessa quarta-feira (19), que o presidente Daniel Noboa ordenou que o Ministério das Relações Exteriores, “respeitando a estrutura constitucional e usando os canais diplomáticos correspondentes”, entre em contato com “países aliados” para coordenar esforços e estabelecer acordos de cooperação para esse fim. O documento não especifica quais países serão contatados.
O governo enfatizou que isso seria feito com o objetivo de “apoiar e fortalecer as ações das Forças Armadas e da Polícia Nacional do Equador”, no contexto da “guerra declarada contra o narcoterrorismo”.
Desde o início de 2024, Noboa declarou que o Equador está sob “conflito armado interno” contra o crime organizado, a causa da escalada de violência que levou o país a ter a maior taxa de homicídios da América Latina em 2023, uma tendência que parece ter se intensificado em 2025.
O presidente equatoriano também emitiu sucessivos estados de emergência para processar gangues criminosas, principalmente envolvidas em tráfico de drogas, extorsão e mineração ilegal, com forças policiais e militares, que ele passou a descrever como “grupos terroristas”, alguns deles com ligações com cartéis de drogas mexicanos.
“As máfias e o tráfico de drogas operam em redes internacionais. Portanto, é necessário agir em conjunto para combatê-los de forma mais eficaz”, disse o governo equatoriano.
“Enfrentar um inimigo comum – máfias e crime organizado – requer unidade e decisões firmes. Essa proposta, juntamente com outras ações lideradas pelo governo (…), busca fortalecer a segurança do país”, acrescentou.
Nesse contexto, ele instou a Assembleia Nacional a se pronunciar sobre essa e outras iniciativas, como a reforma parcial do artigo 5º da Constituição, para eliminar a proibição de estabelecer bases militares estrangeiras no país.
Em outubro do ano passado, Noboa enviou à Assembleia Nacional o projeto de reforma constitucional para abrir a porta para o restabelecimento de bases militares estrangeiras no Equador, proibidas pela Constituição promulgada durante o mandato do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017), que forçou os Estados Unidos a deixar a base de Manta em 2009.
A Assembleia Nacional terá de processar o projeto de reforma constitucional, que, se aprovado, deverá ser votado em um referendo.
Fonte: Agência EFE