O governo da Grécia anunciou um pacote de € 1,6 bilhão (cerca de R$ 10,3 bilhões) para enfrentar a crise demográfica que pode tornar o país a nação mais velha da Europa. As informações são do jornal britânico The Guardian.
As medidas, que incluem isenções fiscais e incentivos financeiros, procuram estimular a natalidade em um país com uma das menores taxas de fertilidade do continente.
O primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis afirmou, nesse domingo (7), que o pacote é uma resposta a um dos maiores desafios do país. “Sabemos que o custo de vida é uma coisa se você não tem um filho e outra se você tem dois ou três filhos”, disse. “Como Estado, devemos recompensar os cidadãos que fazem essa escolha”.
As medidas, previstas para 2026, incluem redução de dois pontos percentuais em todas as faixas de imposto e isenção total para famílias de baixa renda com quatro filhos. Mitsotakis classificou o pacote como a reforma tributária mais ousada em mais de 50 anos.
Baixa taxa de fertilidade
Com uma taxa de fertilidade de apenas 1,4 filhos por mulher – bem abaixo dos 2,1 necessários para a reposição populacional –, a Grécia enfrenta uma “ameaça nacional”, segundo o primeiro-ministro.
Dados do Eurostat, o Escritório de Estatísticas da União Europeia, apontam que a população grega, hoje em 10,2 milhões, pode cair para menos de 8 milhões até 2050, com 36% dos cidadãos acima de 65 anos.
O ministro das Finanças, Kyriakos Pierrakakis, disse que a crise econômica iniciada há 15 anos reduziu pela metade as taxas de natalidade – durante a crise, mais de 500 mil gregos, majoritariamente jovens, deixaram o país em busca de trabalho.
“Nossa reforma tributária dará grande ênfase a esse problema. Como chefe da equipe econômica, digo que nossa maior prioridade é a questão demográfica”, afirmou Pierrakakis, segundo o The Guardian.
Reforma ampla
As medidas serão financiadas pelo superávit fiscal, resultado da recuperação econômica do país. Entre os incentivos, há aumento de pensões, construção de moradias populares e eliminação de obrigações fiscais para moradores de áreas rurais com menos de 1.500 habitantes.
O governo também pretende oferecer benefícios, como bônus por nascimento, que variam de € 1.700 para o primeiro filho a € 3.500 para o quarto, e subsídios mensais de até € 140 por criança.
A crise demográfica também ameaça os sistemas de saúde, previdência, mercado de trabalho e a segurança nacional, especialmente no contexto de incerteza geopolítica que vive a Europa. Recentemente, o Ministério da Educação chegou a anunciar o fechamento de mais de 700 escolas devido à falta de alunos.
Fonte: R7