Veículos tradicionais da imprensa americana vêm questionando a atuação do Serviço Secreto após a tentativa de assassinato do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
Imagens gravadas por participantes do comício no último sábado (13), na Pensilvânia, mostram que o autor do atentado contra o candidato republicano foi identificado cerca de dois minutos antes de abrir fogo.
A diretora do Serviço Secreto, Kimberly Cheatle, disse, na segunda-feira (15), que a agência “participará plenamente” em uma revisão independente ordenada pelo presidente Joe Biden e também disse que a agência trabalhará com o Congresso em “qualquer ação de supervisão”.
Veja abaixo alguns dos questionamentos que circulam nos Estados Unidos.
Wall Street Journal
O centenário nova-iorquino Wall Street Journal (WSJ) classificou a tentativa de assassinato de Trump como “o fracasso mais impressionante do Serviço Secreto em décadas”.
“No centro do que será uma torrente de investigações: como um atirador solitário de 20 anos conseguiu assumir uma posição de tiro exposta em um telhado aberto, não muito mais do que um campo de futebol de distância do ex-presidente?”, escreveu a reportagem.
Um ex-vice-diretor-assistente do Serviço Secreto ouvido pelo WSJ afirmou que “não há desculpa” para o Serviço não conseguir fornecer recursos suficientes para cobrir um telhado aberto a 100 metros do local.
Washington Post
Um dos periódicos mais tradicionais do país, o Washington Post apontou que o atentado contra Trump foi a primeira tentativa de assassinato de um presidente americano desde 1981, quando Ronald Reagan foi atacado.
O jornal destacou que proteger o telhado de um prédio no entorno do evento é “uma das preparações mais básicas para eventos de discurso público”, e a falha do Serviço Secreto “levantou questões sobre pessoal, estratégia e liderança”.
O Post entrevistou o ex-diretor da CIA Leon Panetta, que afirmou que “o governo Biden deveria avaliar urgentemente as falhas no comício de Trump para evitar outro ataque nos próximos meses, já que o país continua profundamente dividido na preparação para a eleição de novembro”.
New York Times
Repórteres investigativos e da editoria de Política do New York Times (NYT) apontaram em uma reportagem que o prédio de onde o atirador era “um risco óbvio à segurança”, mas foi deixado de fora do perímetro de segurança.
Ex-oficiais federais de segurança pública ouvidos pela reportagem do NYT disseram que “o Serviço Secreto deveria ter garantido que o prédio estivesse seguro antes do comício acontecer”.
Veterano de 22 anos do Serviço Secreto, Jeffrey James acrescentou à reportagem que as equipes de contra-atiradores estão treinadas para atirar a 1.000 jardas (914 metros) e monitorar áreas a essa distância. O atirador de Trump estava a cerca de 150 metros do ex-presidente, o que pode ter atrasado a detecção: “Como atirador, você não espera que alguém esteja tão perto.”
New York Post
O New York Post, responsável pela primeira entrevista de Trump após o atentado, publicou um artigo refletindo a opinião de seu Conselho Editorial intitulado “A América precisa de respostas sobre o fracasso do Serviço Secreto: deixem as intimações voarem”.
“Os protetores próximos de Trump fizeram seu trabalho, mas o fato de Thomas Crooks ter conseguido subir no telhado, a menos de 180 metros do pódio, e disparar cerca de oito tiros contra o ex-presidente — enquanto os espectadores gritavam para que as autoridades fizessem alguma coisa — é condenatório”, escreveu o editorial.
“Claramente, a equipe de segurança era muito pequena: as últimas notícias são que o Serviço Secreto contou muito com o empréstimo de policiais locais — na zona rural da Pensilvânia! — para o evento”, acrescentou.
“O presidente da Câmara, Mike Johnson, e os chefes dos comitês do Judiciário e de Segurança Interna prometem uma investigação completa sobre o que deu errado no sábado. Que as intimações sejam enviadas: os Estados Unidos precisam de respostas, e não há sinais de que o governo Biden as dará de bom grado”, concluiu o texto.
USA Today
Um dos jornais de maior circulação nos EUA, o USA Today deu destaque a uma reportagem de seu correspondente veterano de Segurança Nacional, Josh Meyer, que analisa “o que parece ser uma falha épica de um dos deveres primários” da agência responsável pela segurança de autoridades importantes.
“Algumas dessas perguntas: Como o suposto assassino de Donald Trump conseguiu um ponto de vista elevado para disparar um tiro potencialmente fatal na cabeça do ex-presidente? Por que as equipes de contra-atiradores do Serviço Secreto não neutralizaram Crooks antes que ele disparasse tantos tiros de seu rifle de alta potência, matando um participante do comício de Trump e ferindo outros dois?”, escreveu.
“Além disso, se Crooks foi sinalizado pelas autoridades locais por agir de forma suspeita, como alguns meios de comunicação relataram, por que ele conseguiu subir em um prédio próximo com um rifle, disparando um tiro que raspou a orelha de Trump? E por que agentes do Serviço Secreto permitiram que Trump se levantasse desafiadoramente e desse três socos no ar quando não estava claro que a ameaça havia sido totalmente neutralizada?”, completou.
Los Angeles Times
O diário Los Angeles Times também fez questionamentos parecidos. “Uma grande questão é se o Serviço Secreto ou a polícia local tinham protegido prédios próximos antes de Trump começar a falar”, escreveu uma reportagem do jornal.
“O prédio onde o atirador estava posicionado ficava fora do perímetro (de segurança) do comício, mas especialistas disseram que as autoridades normalmente ainda o protegeriam”, completou.
O jornal ainda destaca que os pedidos por uma investigação minuciosa na atuação do Serviço Secreto nesse evento “vieram tanto de republicanos quanto de democratas”.
Fonte: CNN Brasil