ARACAJU/SE, 30 de outubro de 2024 , 6:20:59

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Intolerância religiosa: ditadura de Cuba proíbe procissões na Semana Santa

 

A ditadura de Cuba proibiu diversas igrejas de realizarem procissões na Sexta-Feira Santa. Nas cidades de Bayamo, Vila Clara e Havana, vários padres não receberam a autorização do Partido Comunista de Cuba para fazer eventos nas ruas.

A proibição ocorre depois que cubanos protestaram contra a ditadura comunista na noite do domingo, 17 de março. Ocorreram manifestações em pelo menos seis cidades: Santiago de Cuba, Bayamo, Ciego de Ávila, Santa Marta, Cárdenas e Marianao.

A ditadura comunista tem medo que, ao permitir que o povo cubano saia às ruas, ocorram novas manifestações contra o regime comunista, que controla a ilha há 65 anos.

O padre Lester Zayas, da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no bairro doe El Vedado, na capital Havana, divulgou uma nota no Facebook, na segunda-feira (25), reclamando da proibição.

Eis a mensagem do padre:

“Aos meus queridos paroquianos e a todas as pessoas do território paroquial: Ontem fui informado através dos canais competentes que não seria aprovada a procissão do Santo Sepultamento que havia sido oportunamente solicitada, pelas ruas do Vedado como vem fazendo há mais de onze anos com exceção do tempo de pandemia e último ano, o que também foi negado, no caso do ano passado, por falta de pessoal para garantir a segurança. Nesta ocasião, a recusa se deu por minha causa. Aparentemente, minhas homilias deixam algumas pessoas desconfortáveis ​​ou nervosas.

Em relação a isso é bom fazer alguns esclarecimentos:

O pedido da procissão não é uma iniciativa do pároco, é fruto da vontade do paroquiano e portanto das pessoas que querem manifestar publicamente a sua fé, querem levar a religião que professam aos seus bairros, aos seus ruas, às suas casas, à sua vida quotidiana, é portanto um direito soberano do Santo Povo Fiel de Deus. Negá-lo como punição a um pároco é, além de absurdo, uma violação da liberdade religiosa. O pároco é apenas o porta-voz do desejo do povo, é quem o solicita à autoridade competente, mas não é o seu desejo pessoal.

Entendo que o conteúdo de algumas das minhas homilias possa ser incômodo, a verdade geralmente é que o Evangelho tem uma força que, assim como nos desafia a todos, nos incomoda a todos, mas o púlpito nunca foi usado para fazer política, no estilo dos partidos políticos ou como eles entendem a política, porque não é responsabilidade do pregador fazer isso. Sim, é ler a realidade a partir do Evangelho, sempre com o objetivo de iluminar a partir da fé, educar a partir do Evangelho, denunciar se for necessário a obra do Maligno e exortar à prática da virtude, sempre com o objetivo de fazer com que a realidade seja iluminada pela força da Palavra salvadora de Deus em quem acreditamos. Se alguém quis ver algo mais nas minhas homilias, seja de dentro ou de fora, a sua visão não é correta, nem bem intencionada.

Nunca, nos meus anos de sacerdócio, utilizei o espaço público, por exemplo durante as procissões, para exortar outra coisa que não a piedade. Sou muito consciente do espaço público e sobretudo defensor de um Estado laico, para saber distinguir entre o espaço público que tem um tipo de tratamento e o espaço religioso que tem outro. É por isso que não compreendo os receios que poderiam ter levado à recusa da procissão. Como sacerdote e homem adulto que conhece as leis e a atual Constituição da República, sei o que é permitido e o que não é. Por último, lamento os transtornos que esta recusa possa trazer e o desconforto que possa causar na cidade. Da mesma forma, lamento que a liberdade religiosa de uma parte do povo de Deus esteja a ser maltratada, devido a coisas que poderiam ser discutidas num diálogo franco e sereno”.

 Fonte: Crusoé

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