ARACAJU/SE, 6 de maio de 2025 , 16:13:13

Israel aprova plano para expulsar palestinos da Faixa de Gaza

 

O gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para expandir a guerra na Faixa de Gaza, o que inclui a “conquista do território palestino” e fazer com que a população deixe o território, afirmou nessa segunda-feira (5) uma pessoa ligada ao governo.

Um dia antes, o Exército havia anunciado a mobilização de dezenas de milhares de reservistas para intensificar a ofensiva contra o grupo terrorista Hamas. A estratégia incluirá, entre outros pontos, a ocupação de Gaza, a manutenção do controle territorial e o deslocamento da população civil para o sul, sob justificativa de proteção.

O plano foi aprovado por unanimidade pelo gabinete, que inclui o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e ministros-chave. Segundo a emissora pública israelense Kan, autoridades familiarizadas com o assunto disseram que o novo plano será implementado de forma gradual ao longo de vários meses, começando pela atuação concentrada em uma área já devastada de Gaza.

Segundo o ministro do gabinete de segurança Zeev Elkin, esse cronograma pode abrir “uma janela” de negociações para um cessar-fogo e para um acordo de libertação de reféns antes da visita à região do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevista para acontecer entre os dias 13 e 16 de maio.

“Ainda há uma janela de oportunidade até que o presidente Trump conclua sua visita ao Oriente Médio, se o Hamas entender que estamos falando sério”, disse Elkin à Kan nessa segunda.

Netanyahu também continua apoiando a ideia de Trump de promover a “emigração voluntária” dos habitantes de Gaza para países vizinhos, como Jordânia e Egito. As duas nações já expressaram oposição à proposta.

Netanyahu afirmou que seu país está “às vésperas de uma entrada forçada em Gaza” depois que seu gabinete de segurança aprovou o novo plano, segundo o The New York Times.

Em vídeo publicado nas redes sociais, o primeiro-ministro diz que a ofensiva militar em Gaza será intensa e que a população do território será removida “para sua proteção”.

Segundo autoridades militares, Netanyahu disse que é hora de lançar as “medidas finais”, acrescentando que a nova campanha ajudaria a trazer de volta os reféns que ainda estão presos em Gaza. O primeiro-ministro afirmou acreditar que “ainda não terminamos. Estamos perto da linha de chegada”.

O premiê israelense também rejeitou a possibilidade de um cessar-fogo imediato, mesmo diante da crescente pressão internacional, e afirmou que só aceitará uma trégua após alcançar seus objetivos militares. Ele disse que a permanência das tropas em Gaza é essencial para garantir a segurança de Israel.

De acordo com o jornal The Times of Israel, o Exército israelense anunciou o início de uma nova fase da ofensiva em Gaza, chamada Operação Carruagens de Gideão, com o objetivo de derrotar o Hamas e recuperar reféns.

Segundo o porta-voz militar Effie Defrin, a ação “incluirá um ataque em larga escala e a movimentação da maioria da população de Gaza, para protegê-la, em uma área livre de Hamas. Além de ataques aéreos contínuos, eliminação de terroristas e desmantelamento de infraestrutura”.

Já controlando cerca de um terço do território de Gaza, Israel retomou as operações terrestres em março após o colapso de um cessar-fogo apoiado pelos EUA que havia interrompido os combates por dois meses. Desde então, Tel Aviv impôs um bloqueio total de ajuda ao território.

Israel ainda não apresentou um plano claro para o futuro de Gaza após o conflito, mesmo sob crescente pressão internacional para encerrar a guerra, que já deslocou a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes e agravou a escassez de ajuda humanitária.

Um integrante do governo israelense afirmou que o plano militar recém-aprovado busca evitar que os suprimentos cheguem ao Hamas, embora o bloqueio permaneça em vigor. No dia anterior, a Organização das Nações Unidas (ONU) criticou a proposta de distribuir a ajuda por meio de centros controlados por Israel.

Nessa segunda-feira, Jan Egeland, secretário-geral do Conselho Norueguês para Refugiados (NRC), disse no X que Israel estava exigindo que a ONU e organizações não-governamentais encerrassem seu sistema de distribuição de ajuda em Gaza.

“Eles querem manipular e militarizar toda a ajuda aos civis, nos forçando a entregar suprimentos através de centros projetados pelo Exército israelense, uma vez que o governo concorde em reabrir as passagens. O NRC defenderá nossos princípios humanitários e, com todos os nossos pares, se recusará a participar desse novo esquema”.

A União Europeia manifestou preocupação com o plano de Israel de ampliar sua operação militar em Gaza e pediu moderação. “Resultará em mais ferimentos e sofrimento para a população palestina. Instamos Israel a exercer a máxima contenção”, declarou um porta-voz da Comissão Europeia, braço executivo do bloco.

A guerra foi desencadeada pelos ataques terroristas do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, de acordo com contagens israelenses, e resultaram em 251 pessoas levadas como reféns para Gaza.

Desde então, mais de 52 mil palestinos foram mortos na ofensiva israelense em Gaza, segundo autoridades locais. Estima-se que 24 dos 59 reféns ainda estejam vivos, mas há temor entre as famílias e críticas à falta de uma estratégia clara por parte de Israel.

A Defesa Civil do território anunciou nesta segunda que 19 pessoas morreram em ataques israelenses no norte de Gaza. O governo alega que o objetivo é forçar o Hamas a libertar os reféns. Um argumento que não convence o Fórum das Famílias dos reféns capturados pelo Hamas.

Em comunicado, o Fórum das Famílias disse que o plano anunciado por Israel “sacrifica os reféns”. “Esta manhã, o governo reconheceu que escolhe o território em vez dos reféns, ao contrário do desejado por mais de 70% da população”, diz o texto.

Pesquisas sucessivas têm mostrado apoio público cada vez menor à guerra entre os israelenses, muitos dos quais preferem ver um acordo de cessar-fogo alcançado e mais reféns libertados.

O Hamas diz que só libertará reféns como parte de um acordo que encerre a guerra e veja as forças israelenses se retirarem de toda Gaza.

Fonte: Folhapress

 

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