O presidente dominicano, Luis Abinader, garante que “nunca antes” um antecessor seu enfrentou uma crise como a que vive com seu vizinho, Haiti, dominado por gangues.
Suas políticas contra a migração haitiana o impulsionaram a uma reeleição confortável nesse domingo (19).
Este economista milionário de origem libanesa, que governa a República Dominicana desde 2020, ordenou a construção de um muro na fronteira com o Haiti, deportações em massa e travou a migração do empobrecido país vizinho, medidas apoiadas pela população, apesar da pressão internacional para acolher mais refugiados .
“O país conhece a firmeza que tivemos nestes três anos diante da situação mais grave de todos os tempos no Haiti”, disse o presidente de 56 anos em abril.
“Nunca antes a situação no Haiti foi como a atual e agimos com firmeza perante qualquer organização internacional ou governo que quisesse que violássemos a nossa lei de migração e a nossa Constituição”.
Vestindo terno sob medida, quase sempre de cor escura, Abinader tem a política no sangue. Perfis oficiais falam de sua capacidade de liderança desde a infância, e seu pai, José Rafael Abinader, lutou na juventude contra a ditadura de Rafael Leonidas Trujillo.
Luis foi membro da organização política criada pelo pai, o Partido Revolucionário Dominicano (PRD), fundado em 1939, porém após uma divisão em 2014 foi criado o Partido Revolucionário Moderno (PRM), que hoje lidera.
Antes de se tornar chefe de Estado, sofreu vários fracassos eleitorais.
Tentou, sem sucesso, ser senador em 2005, vice-presidente em 2012 e presidente em 2016.
“Tempos de crise”
Em 2020, tornou-se presidente em plena pandemia de covid-19, que deixou mais de 4.300 mortos na República Dominicana, segundo o governo. Abinader se apresenta como o “presidente em tempos de crise” e até lançou recentemente um documentário de propaganda que exalta seus esforços durante a crise sanitária.
Venceu as eleições em 2020 com um discurso contra a corrupção e a velha política, em meio aos escândalos do tradicional Partido Libertação Dominicana (PLD), que governou o país durante 16 anos.
Já no poder, a gestão da pandemia, a economia e sobretudo a relação com o Haiti catapultaram a sua popularidade neste país de 11,2 milhões de habitantes. Sua gestão tem 70% de aprovação, segundo pesquisas. A República Dominicana e o Haiti compartilham a ilha caribenha de Hispaniola com uma relação sempre tensa.
O Haiti está hoje mergulhado no caos e na violência por parte de gangues criminosas que controlam grande parte de seu território. Mas Abinader insiste repetidamente que “não existe e nunca existirá uma solução dominicana” para a crise de seu vizinho.
Mais de 250 mil pessoas foram deportadas em 2023, a maioria haitianas, capturadas em operações que as autoridades de migração realizam diariamente.
Abinader também aumentou a presença militar na fronteira e construiu um muro divisório de 164 km, que pretende ampliar neste segundo mandato de governo.
“Ele teve um nível de aprovação e simpatia que não tinha quando chegou ao poder”, diz o cientista político Belarmino Ramírez.
“Meu amorzinho”
Abinader é economista formado nos Estados Unidos e herdeiro de um império familiar milionário de turismo e construção.
Antes de ser eleito pela primeira vez, esteve à frente do consórcio de construção da sua família, Abicor, o que lhe permitiu acumular uma fortuna estimada em 75 milhões de dólares (R$ 383 milhões).
É casado com Raquel Arbaje Soni, também de origem libanesa. “Nem tabule, hummus, nem tahine estão faltando na minha mesa”, disse ele em uma conferência no Líbano em 2017.
Abinader confessou em um documentário que quando assumiu o cargo não se acostumava a chamar a esposa de “excelente primeira-dama”. “Ela me disse para chamá-la de ‘meu amorzinho’.
Ele também tem três filhas: Graciela Lucía, Esther Patricia e Adriana Margarita. “O que as pessoas não sabem é que ele faz piadas horríveis”, disse Esther em uma entrevista reproduzida no documentário.
Fonte: AFP