ARACAJU/SE, 26 de junho de 2025 , 17:05:30

Mercado global de cocaína registra recorde com aumento do cultivo na Colômbia, afirma ONU

 

O mercado global de cocaína atingiu níveis históricos em 2023, informou a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre drogas nesta quinta-feira (26), citando o crescimento no número de cultivos ilegais na Colômbia e de usuários na Europa e nas Américas.

“A produção, as apreensões e o uso de cocaína atingiram novos recordes em 2023, tornando a cocaína o mercado de drogas ilícitas de crescimento mais rápido do mundo”, disse o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) em um comunicado.

No lado da oferta, a produção ilegal global disparou para 3.708 toneladas global naquele ano, o mais recente para o qual havia dados abrangentes disponíveis. Trata-se de 34% a mais que em 2022 e 10 vezes mais do que uma década antes, quando a cifra atingiu o menor nível.

O aumento se deve especialmente à ampliação da superfície dedicada ao cultivo ilícito de coca na Colômbia, afirmou o órgão sediado em Viena. “Em contraste, a área dedicada à produção de folha de coca na Bolívia se estabilizou em 2023, enquanto a área dedicada à produção de folha de coca no Peru diminuiu ligeiramente”, afirma o documento.

De acordo com outro relatório da agência, divulgado em outubro de 2024, a Colômbia havia produzido 2.600 toneladas de cocaína em 2023, um aumento de 53% em relação ao ano anterior. As regiões com maior aumento líquido no cultivo estão no sudoeste do país, onde há redutos de grupos dissidentes da ex-guerrilha Farc que não assinaram o acordo de paz.

Embora a Colômbia continue sendo o principal produtor, os traficantes conseguiram penetrar em novos mercados na Ásia e na África, indica o relatório. “A violência e a competição que caracterizam o mercado ilícito de cocaína, antes restrito à América Latina, estão se espalhando para a Europa Ocidental, à medida que grupos do crime organizado dos Bálcãs Ocidentais aumentam sua influência no mercado”, disse a agência em um comunicado.

O volume de apreensões registradas no mundo também atingiu um recorde de 2.275 toneladas, 68% acima dos quatro anos anteriores a 2023, e o número de usuários de cocaína também continuou crescendo ao redor do mundo, atingindo 25 milhões de pessoas, acima dos 17 milhões de 10 anos antes, segundo o UNODC.

“América do Norte, Europa Ocidental e Central e América do Sul continuam a constituir os maiores mercados de cocaína, com base no número de pessoas que usaram drogas no ano passado e em dados derivados da análise de águas residuais”, diz o relatório. De acordo com a diretora de pesquisa do órgão, Angela Me, “a cocaína virou moda em sociedades mais ricas” e há um “ciclo vicioso” entre o aumento do consumo e da produção.

O continente americano, porém, continua sendo o local onde o tráfico de cocaína entre organizações criminosas é mais visível. A agência citou como exemplo o aumento da violência no Equador, onde a taxa de homicídios subiu de 7,8 por 100 mil habitantes em 2020 para 45,7 por 100 mil habitantes em 2023.

O mercado de drogas sintéticas também continua a se expandir, auxiliado por baixos custos operacionais e reduzido risco de detecção para aqueles que fabricam ou contrabandeiam essas substâncias. As principais drogas do segmento naquele ano foram estimulantes do tipo anfetamina.

“As apreensões de anfetamina atingiram um recorde em 2023 e representaram quase metade de todas as apreensões globais de drogas sintéticas, seguidas por opioides sintéticos, incluindo fentanil”, disse o UNODC.

A queda do ditador da Síria, Bashar al-Assad, em dezembro do ano passado, pode afetar esse mercado, já que sob seu regime o país se tornou um dos principais produtores de captagon, uma droga sintética. No início deste mês, o governo interino da nação disse ter interditado todas as instalações de produção do estimulante.

“Os dados mais recentes sobre mercadorias apreendidas, referentes a 2024 e 2025, confirmam que o captagon continua em circulação, principalmente em países da Península Arábica, o que pode indicar a liberação de estoques previamente acumulados no mercado ou a continuação da produção em diferentes locais”, afirmou a agência.

Estima-se que 6% da população na faixa etária entre 15 e 64 anos usou alguma droga em 2023, frente a 5,2% em 2013.

Fontes: AFP e Reuters

 

 

 

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