O presidente Javier Milei reafirmou sua promessa de campanha de dolarizar a economia argentina e fez a exposição mais clara até agora de como seu governo pretende fazer isso.
Milei disse que, depois de limpar o balanço do banco central — com a quitação dos passivos em moeda local — e reformular o sistema financeiro, a Argentina avançaria em direção ao que ele chama de uma livre concorrência de moedas. Isso significa que o peso e o dólar se tornariam ambas moedas aceitas legalmente. O peso, nessa altura, seria cotado a uma taxa de câmbio “flexível”.
O banco central deixaria então de imprimir pesos, permitindo que o dólar o substitua. “O peso se tornará uma espécie de peça de museu, e, quando se tornar muito raro, o que você acha que faremos?” disse Milei em um evento de negócios em Buenos Aires, na noite de terça-feira (21). “Vamos dolarizar e, assim, o peso desaparecerá”.
Desde que assumiu o cargo, em 10 de dezembro, prometendo acabar com a inflação anual de três dígitos e dolarizar a economia, Milei agiu rápido para reduzir os passivos do banco central com o objetivo final de fechar a autoridade monetária, que já cortou a taxa básica de juros seis vezes, para 40% na semana passada, ante os 133% no início de seu mandato.
A equipe econômica de Milei, liderada pelo ministro Luis Caputo, tomou medidas para tornar as notas do Tesouro argentino mais atraentes do que a dívida do banco central para liquidar o crescente endividamento da autoridade monetária. Um terço da dívida do banco central migrou para o Tesouro, disse Milei. Assim que toda a dívida for liquidada, os controles de capital serão removidos e as moedas competirão.
Milei disse que não poderia definir uma data para a suspensão dos controles de capital porque isso seria determinado pelo mercado. Em um discurso na mesma conferência, antes de Milei falar, Caputo disse que seria “inapropriado” suspender os controles agora.
Fonte: Valor Econômico