ARACAJU/SE, 23 de outubro de 2024 , 2:22:42

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Narcotráfico ameaça dois terços dos habitats de aves na América Central

 

Dois terços de áreas florestais importantes para pássaros na América Central estão sob risco de destruição devido ao narcotráfico. Isso é o que mostra um estudo publicado no periódico Nature Sustentability.

Para fugir da repressão, traficantes de drogas têm ocupado florestas, um movimento que leva ao desmatamento para criação de pistas de pouso e de estradas que possibilitam transportar carregamentos. A pastagem de gado também é usada para controlar o território e lavar dinheiro.

“Essas atividades – e as estratégias antidrogas que contribuem para elas – podem desmatar paisagens e ameaçar espécies”, afirmou Amanda Rodewald, diretora sênior do Centro de Estudos da População Aviária do Laboratório de Ornitologia da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, em comunicado.

Níveis crescentes de tráfico de cocaína têm sido registrados nas chamadas “cinco grandes florestas” da América Central. Segundo a pesquisa, uma em cada cinco espécies migratórias tem mais da metade de sua população global habitando áreas atraentes para o tráfico após o pico da pressão legal, medido pelo volume de cocaína apreendido.

Algumas aves ameaçadas passam o inverno em áreas como essas. É o caso de 90% da população mundial de toutinegras-de-bochecha-dourada (Setophaga chrysoparia) e 70% de toutinegras-de-asas- douradas (Vermivora chrysoptera) e de Juruviaras-da-filadélfia (Vireo philadelphicus).

Por meio de sensoriamento remoto, os pesquisadores identificaram padrões únicos de desmatamento que poderiam ter relação com o narcotráfico e descobriram que 15% a 30% do desmatamento anual na Nicarágua, em Honduras e na Guatemala podem ser atribuídos apenas ao tráfico de cocaína.

Nicholas Magliocca, professor associado da Universidade do Alabama, nos EUA, aponta que a aplicação da lei tem um papel importante no movimento de rotas de tráfico e nos locais de desmatamento decorrente do narcotráfico. “Após 40 anos, essa abordagem não funcionou. Na verdade, o tráfico de cocaína só se expandiu e se tornou uma rede mundial. Antes, a cocaína passava apenas pela América Central, mas agora ela se tornou um centro de transbordo global”.

Fonte: Galileu

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