ARACAJU/SE, 22 de novembro de 2024 , 23:00:55

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Neste mês, bitcoin completa três anos como moeda oficial de El Salvador; confira o que aconteceu até o momento

 

Em 7 de setembro de 2021, El Salvador se tornou o primeiro país do mundo a adotar o bitcoin como moeda de curso legal. Na data, o presidente Nayib Bukele subiu ao palco com fogos de artifício para anunciar a medida que prometia “revolucionar a economia do país” para uma multidão de entusiastas.

De acordo com a “Lei Bitcoin”, os impostos podem ser pagos em bitcoin e as empresas e comércios devem aceitá-lo como forma de pagamento, a menos que sejam tecnologicamente incapazes disso.

Três anos de bitcoin em El Salvador

Em três anos, muita coisa aconteceu. A influência da adoção do bitcoin como moeda de curso legal atingiu os mais diversos setores, como turismo e o uso de energia geotérmica dos vulcões do país. Os projetos implementados pelo governo salvadorenho envolvendo bitcoin foram muitos. No entanto, a adoção da moeda pela população ainda não decolou.

Até o momento, o bitcoin ainda não substituiu a moeda mais forte em El Salvador: o dólar americano. Em 30 de agosto deste ano, o presidente Nayib Bukele reconheceu que o bitcoin “não teve adoção em massa” em El Salvador.

Adoção

Em entrevista para a revista Time, Bukele disse que “o bitcoin não teve a adoção em larga escala que estávamos esperando. Eu acho que ela poderia ter funcionado melhor, e ainda há tempo para fazermos melhorias, mas isso também não resultou em nada negativo”.

O presidente de El Salvador pontuou ainda que, por mais que o uso pela população esteja aquém do esperado, a adoção da criptomoeda beneficiou o país ao atrair investimentos e empresas interessados no ativo e em projetos envolvendo a maior moeda digital do mundo.

Uma pesquisa de julho deste ano divulgada pela Universidade Centro Americana (UCA) apontou que 80,5% dos salvadorenhos afirmaram que a adoção do bitcoin contribuiu “pouco” ou “nada” para melhorar o nível de vida no país, contrariando a visão de Bukele.

Turismo e imigração

Alguns projetos do governo, como a “Cidade Bitcoin” e da “Praia Bitcoin” continuam em pé, atraindo alguns turistas para o local, que compõem o grupo de pessoas que mais utilizam bitcoin em El Salvador depois do próprio governo.

Apesar disso, Corbin Keegan, americano que se tornou o primeiro cidadão da Cidade Bitcoin, deixou o país após dois anos de espera por um sonho que não se tornou realidade.

Segundo Keegan, o projeto avançou pouco no período em que esteve morando lá e, por isso, decidiu voltar para Chicago, nos Estados Unidos, para morar com a família. Entretanto, ele também afirmou que ainda pretende retornar para El Salvador no futuro.

“Estou em Chicago por alguns meses para acumular mais sats (a menor unidade divisível do bitcoin), já que não posso ganhar muito em Conchagua. Estou 100% comprometido com todos em relação à Cidade Bitcoin e em El Salvador”, disse Keegan em uma publicação no X, antigo Twitter, em junho deste ano.

Investimento alto do governo em bitcoin

No lançamento da “Lei Bitcoin”, cada salvadorenho recebeu uma carteira digital criada pelo governo, chamada de Chivo. Nela, continham US$ 30 em bitcoin como uma forma de incentivo à adoção.

O país investiu – e muito – em bitcoin. Sob o comando de Bukele, que se tornou uma personalidade influente no mercado cripto, El Salvador começou a comprar bitcoin pouco antes da aprovação da “Lei Bitcoin” e continuou aproveitando quedas para aumentar suas reservas. Atualmente, o país continua comprando bitcoin e acumula mais de R$ 2 bilhões no ativo.

O governo também investe em um projeto de mineração de bitcoin com energia geotérmica, que vem de vulcões. Desde 2021, El Salvador minerou 474 unidades do ativo, no valor de cerca de US$ 29 milhões.

Dados da Moody’s estimam que o governo gastou US$ 375 milhões no total no lançamento da “Lei Bitcoin”, incluindo um fundo de US$ 150 milhões para apoiar as conversões entre bitcoin e dólar e o dinheiro para o bônus de US$ 30 dado aos usuários da Chivo.

O alto investimento do governo salvadorenho em bitcoin, no entanto, está rendendo um alto lucro para o país. Depois de ter passado por um longo período de perdas no que ficou conhecido como o “inverno cripto” em 2022, El Salvador está no lucro com bitcoin desde dezembro de 2023, quando a criptomoeda ultrapassou US$ 42.600.

Na última segunda-feira, 9 de setembro, El Salvador registrou quase US$ 33 milhões de lucro com bitcoin, de acordo com dados do Nayib Bukele Portfolio Tracker. O país possui mais de 5.800 unidades do ativo e não pretende vendê-las, de acordo com o próprio presidente Nayib Bukele.

Secretaria Nacional e bitcoin em escolas

Entre as novas iniciativas do governo salvadorenho para impulsionar a adoção do bitcoin no país estão a criação de uma Secretaria Nacional de Bitcoin e a inclusão de uma matéria sobre bitcoin em todas as escolas públicas até 2024.

Guillermo Contreras, CEO da DitoBanx, disse anteriormente que a abertura da Secretaria Nacional de Bitcoin em El Salvador funcionará como “uma entidade central” para lidar com essas e outras questões ligadas à criptomoeda conforme o país avança na sua adoção.

Nas escolas, a matéria sobre bitcoin será criada através de uma parceria com a organização sem fins lucrativos e não governamental “Mi Primer Bitcoin”, ou “meu primeiro bitcoin” em português. A intenção é dar o respaldo para que a população saiba como lidar com criptomoedas e carteiras digitais desde cedo através da escola.

Apesar das polêmicas, algumas empresas afirmam que houve, de fato, vantagens na adoção do bitcoin como moeda de curso legal. Além disso, empresas e membros do governo estão otimistas de que a adoção do bitcoin possa colocar El Salvador em uma posição privilegiada e de destaque no futuro, por ter aderido à tecnologia antes de todos os outros países. Até o momento, El Salvador continua sendo o único país a ter o bitcoin como moeda de curso legal.

Fonte: Exame

 

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