Nikki Haley confirmou sua saída da corrida pela nomeação republicana, deixando o caminho livre para Donald Trump. A ex-governadora da Carolina do Sul discursou na manhã dessa quarta-feira (6) de sua terra natal, após o massacre sofrido na Superterça, quando perdeu em 14 dos 15 estados que foram às urnas.
A republicana não anunciou de imediato seu endosso ao ex-presidente. Embora minoritários no partido, seus apoiadores são os que mais resistem a Trump e podem fazer diferença em uma eleição disputada contra Joe Biden em novembro.
Haley era o último obstáculo para a nomeação de Trump no Partido Republicano. A desistência confirma uma nova disputa entre o ex-presidente e Joe Biden pela Casa Branca neste ano, embate rejeitado pela maioria dos norte-americanos.
A desistência já era esperada. Nas últimas semanas, a ex-governadora da Carolina do Sul vinha indicando que encerraria sua campanha a depender do resultado da chamada Superterça, quando uma série de estados realizam votações. Sua única vitória foi em Vermont.
O fracasso da candidatura da republicana, que tentou se vender como uma alternativa menos caótica e mais moderada a Trump, ilustra a transformação da base do partido desde a ascensão do empresário na última década.
Haley demonstrou força nas primárias entre os republicanos tradicionais, de maior renda e formação, e independentes. Embora tenha conquistado um apoio significativo nesse grupo, ele não foi suficiente para superar o engajamento da base de Trump, mais pobre e menos qualificada.
Em New Hampshire, por exemplo, estado de perfil mais moderado, ela alcançou 43,2% dos votos, mas ainda assim ficou atrás do ex-presidente. O pleito era um dos poucos em que analistas viam alguma chance de Haley vencer, e sua derrota foi um banho de água fria em que desejava uma alternativa a Trump.
Dali em diante, foi ladeira abaixo para a ex-embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU): ela perdeu para a opção “ninguém” na primária de Nevada, em que Trump não concorreu, e no estado onde foi governadora, a Carolina do Sul, onde ficou 20 pontos atrás do empresário.
Sua única vitória foi entre o pequeno —e fora da curva— eleitorado republicano de Washington (Distrito de Colúmbia). Com 63% dos pouco mais de 2.000 votos depositados, ela se tornou a primeira mulher a vencer uma primária republicana na história.
Haley ganhou projeção com os debates entre os pré-candidatos republicanos no segundo semestre do ano passado, sobretudo em temas ligados à política externa. Seu bom desempenho atraiu eleitores e doadores, que passaram a apostar nela, e não mais em Ron DeSantis, como a melhor alternativa a Trump.
No entanto, assim como o governador da Flórida, ela não conseguiu encontrar o equilíbrio tênue entre conquistar, ao mesmo tempo, críticos e parte dos apoiadores do empresário no partido.
A insistência da ex-governadora em seguir concorrendo irritou Trump, que a pressionava para desistir, afirmando que poderia estar gastando seus recursos na campanha contra Biden.
Haley, por sua vez, sinalizou que pode não endossar a candidatura do empresário, embora tenha se comprometido a apoiar o nomeado do partido, independentemente de quem fosse, para poder participar dos debates organizados pelo comitê nacional republicano.
As atenções da corrida agora se voltam para quem Trump escolherá como vice. A própria ex-governadora chegou a ser aventada, mas o fato de ter prolongado sua campanha teria irritado o empresário.
Um conterrâneo de Haley, porém, vem sendo frequentemente citado: o senador Tim Scott, ele próprio um ex-candidato à nomeação do partido para a vaga na corrida presidencial. Conservador e negro, sua escolha é vista como uma forma de expandir o alcance de Trump.
Fonte: Folha de S.Paulo