Nove países têm armas nucleares, e essa lista pode aumentar. Ao menos é o que a Chatham House, centro britânico de estudos em política internacional, defendeu em seu podcast.
Os atuais detentores de armas nucleares são os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) — Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido — além de Índia, Paquistão, Coreia do Norte e Israel.
Mas, desde o fim da Guerra Fria, um aumento rápido no interesse de vários países em possuir armas nucleares tem sido observado.
O cientista político da Universidade de Busan, Robert Kelly, sugeriu que a Coreia do Sul pode considerar o desenvolvimento de suas próprias armas nucleares.
Ele argumentou que uma eventual vitória de Donald Trump nas próximas eleições presidenciais norte-americanas poderia diminuir o suporte dos Estados Unidos a seus aliados asiáticos, fazendo com que Seul procure alternativas nucleares ante a ameaça norte-coreana.
Este cenário afetaria também o Japão, onde o primeiro-ministro, Fumio Kishida, enfatizou recentemente a importância de não banalizar a questão nuclear. Ainda enfrentando as sequelas dos bombardeios de 1945, o país poderia reconsiderar sua postura antinuclear caso os Estados Unidos retirassem seu escudo nuclear.
Já a diretora do centro de não proliferação do Grupo Eurásia, Hanna Notte, observou que a Rússia modificou sua estratégia de dissuasão para uma abordagem mais ofensiva no uso de armas nucleares, particularmente evidente durante a Guerra da Ucrânia.
“Não me ataque, e eu não te atacarei também, e se nos atacarmos nos destruiremos mutuamente em escala planetária”, afirmou Hanna, em participação no podcast.
A especialista em segurança internacional da Chatham House, Patricia Lewis, apontou o Irã como um potencial futuro possuidor de armas nucleares.
Ela notou que o objetivo do país parece ser mais voltado para o terrorismo psicológico do que para a agressão direta. Segundo ela, a aquisição de armas nucleares pelo Irã poderia fazer a Arábia Saudita adotar uma postura semelhante, intensificando a rivalidade regional.
Além disso, segundo os especialistas, a Rússia teria planos de colocar bombas atômicas em órbita, o que, de acordo com estrategistas do Kremlin, traria vantagens táticas em termos de tempo de resposta.
No entanto, para o Ocidente, isso constitui um risco significativo de acidentes, já que tais dispositivos poderiam interferir com os campos magnéticos de satélites de comunicação.
Rússia anuncia míssil nuclear intercontinental
A Rússia anunciou, nessa terça-feira (14), que colocou em serviço o míssil balístico intercontinental RSM-56 Bulava, lançado por submarinos. O anúncio acontece uma semana depois de o presidente Vladimir Putin ameaçar o Ocidente com uma guerra nuclear.
Essa arma é considerada uma das mais poderosas já desenvolvidas. O Ministério da Defesa russo confirmou que o míssil está em situação operacional, depois de um longo processo de desenvolvimento. Trata-se de arma estratégica avançada, com poucas chances de ser interceptada.
O míssil pode transportar até seis ogivas nucleares. Além disso, tem um alcance estimado de 8 mil quilômetros.
O RSM-56 Bulava é lançado desde um submarino e possui três estágios. Os dois primeiros com combustível sólido para máxima potência e o terceiro com combustível líquido para poder fazer manobras.
Putin tem utilizado ameaças nucleares desde que começou a invasão na Ucrânia. Recentemente, sugeriu que o apoio do Ocidente a Kiev poderia resultar em um conflito nuclear. “O apoio ocidental a Kiev pode levar a um conflito atômico”, afirmou Putin.
O líder russo visa a impedir a entrega de armas mais avançadas aos ucranianos, um objetivo que tem alcançado em grande parte. A situação piorou depois de o Reino Unido indicar que seus mísseis de cruzeiro poderiam ser usados por Kiev contra alvos na Rússia. Além disso, a França sugeriu a possibilidade de enviar tropas à Ucrânia.
Fonte: Revista Oeste