Entre julho de 2023 e junho de 2024, conflitos armados resultaram em 192.776 mortes, um aumento de 37% em relação ao ano anterior, segundo dados do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) publicados nessa quinta-feira (12). O conflito entre o grupo militante palestino Hamas e Israel, iniciado em outubro do ano passado, foi a principal causa dessa alta.
A pesquisa destaca que a guerra em Gaza foi o conflito mais mortal do período, com mais de 41 mil vítimas – número que supera o número de vítimas da Guerra da Ucrânia, por exemplo. Antes dos ataques do Hamas a território israelense, em outubro, Gaza sequer figurava entre os dez conflitos mais letais. A gravidade é tamanha que, desde a Segunda Guerra Mundial, apenas a Guerra da Coreia (550 mil mortos) e o genocídio de Ruanda (800 mil mortos) registraram números superiores.
“O mundo está preso a conflitos cada vez mais intratáveis, alimentados tanto por atores locais quanto externos”, aponta o relatório. A violência no Oriente Médio explodiu, com um aumento de 315% nas mortes na região, impulsionado não apenas pela guerra em Gaza, mas também por seus desdobramentos no Líbano. Em termos proporcionais, Gaza lidera, registrando 2.133 mortes por 100 mil habitantes, a maior densidade de vítimas no planeta.
Na Europa, o conflito entre Rússia e Ucrânia permanece entre os mais sangrentos. Desde a invasão russa, em fevereiro de 2022, mais de 37 mil mortes foram contabilizadas em território ucraniano, enquanto as baixas russas, não divulgadas oficialmente, são estimadas em mais de 70 mil.
Na África Subsaariana, 62.631 mortes foram registradas, consolidando a região como a mais afetada por conflitos armados. Em meio a grande fragmentação política, 14 países enfrentam guerras internas. Já nas Américas, houve uma redução de 9% nas mortes violentas, embora problemas como o narcotráfico e o controle territorial por milícias sigam graves no Brasil e na Colômbia.
O Brasil, segundo o IISS, caiu da sexta para a décima posição no ranking de mortes violentas relacionadas a conflitos. O país registrou 6.640 vítimas entre julho de 2023 e junho de 2024, um número alarmante, mas ainda inferior aos cerca de 50 mil homicídios anuais estimados por outros estudos.
Segundo o estudo, mais de 210 milhões de pessoas vivem sob a influência de grupos armados subnacionais, que ocupam funções do Estado em regiões de controle disputado. Paralelamente, o fracasso das instituições globais em garantir ajuda humanitária é evidente: apenas 15% dos US$ 48 bilhões necessários para apoiar vítimas de conflitos foram arrecadados.
Fonte: VEJA