ARACAJU/SE, 18 de abril de 2025 , 23:35:04

Observadores da OEA e da UE rejeitam denúncia de fraude eleitoral, feita pela esquerda, nas eleições presidenciais do Equador

 

Observadores da União Europeia (UE) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) rejeitaram, nessa terça-feira (15), as denúncias de fraude nas eleições presidenciais do Equador. Eles mostraram, porém, preocupação com a desinformação, a polarização e possíveis excessos do candidato e presidente Daniel Noboa.

Noboa foi reeleito no domingo com uma diferença de 11 pontos sobre a candidata de esquerda Luisa González, que não reconheceu a derrota. Apadrinhada pelo ex-governante socialista Rafael Correa (2007-2017), a advogada perdeu pela segunda vez a oportunidade de se tornar a primeira mulher presidente do Equador.

Foi uma “jornada eleitoral transparente e bem organizada que desmente as narrativas de fraude, mas com a necessidade de enfrentar reformas”, disse o chefe da missão da UE, Gabriel Mato, em coletiva de imprensa em Quito.

“Em um contexto desafiador, a população expressou-se com clareza sobre quem deve conduzir o país durante os próximos quatro anos, reafirmando seu compromisso com a democracia e o exercício do voto”, declarou, por sua vez, a OEA em um comunicado.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) defendeu, nessa terça-feira, que o “processo foi totalmente transparente” e informou que, até o momento, González não apresentou um pedido formal de recontagem de votos.

Noboa recebeu felicitações de vários presidentes, entre eles o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o americano Donald Trump, assim como de importantes líderes da oposição.

O presidente de esquerda da Colômbia, Gustavo Petro, pediu a Noboa para “entregar as atas” das urnas do segundo turno de domingo. “Assim como no caso venezuelano, as coisas devem ser esclarecidas” no Equador, assinalou Petro no X.

Polarização

No poder desde novembro de 2023, Noboa estenderá seu mandato até 2029 com o desafio de reerguer um país assolado pela violência dos cartéis, mergulhado em uma crise econômica e dividido.

“O bem venceu o mal, a justiça venceu a impunidade e a liberdade venceu a opressão”, declarou Noboa em Quito diante de dezenas de seguidores que se concentraram em frente à residência presidencial.

A dupla condição de Noboa como candidato e presidente despertou preocupações nas missões de observação. “É necessário evitar confundir os papéis de candidato e presidente, têm que estar perfeitamente delimitados”, apontou Mato.

Na mesma linha, a OEA “observou com preocupação […] as condições de desigualdade durante a campanha” entre os dois candidatos.

As missões criticaram os constantes confrontos e ataques pessoais entre Noboa e González, que abalaram ainda mais a confiança no segundo turno.

Também destacaram a propagação de notícias falsas “muitas vezes amplificadas por anúncios pagos”. Para a OEA, o processo foi celebrado em um “contexto de polarização política extrema”.

A votação foi realizada em um clima de tensão em um país onde a cada hora uma pessoa era assassinada entre janeiro e fevereiro. Foi o início de ano mais violento já registrado, apesar das duras políticas contra o narcotráfico implementadas por Noboa.

Embora as eleições tenham ocorrido sob um Estado de exceção ordenado pelo governo, os observadores não identificaram restrições graves para o desenvolvimento normal do processo. Em vez disso, classificaram como “exageradas” as multas de até 32.000 dólares (cerca de 188.000 reais) por fotografar o voto.

O CNE proclamará resultados definitivos nos próximos dias para que Noboa seja empossado pela Assembleia Nacional em 24 de maio.

Com 18 milhões de habitantes, o Equador era há alguns anos um reduto de tranquilidade em uma região conturbada. Em 2023, no entanto, a taxa de homicídios chegou ao recorde de 47 por 100.000 habitantes.

Durante o governo de Noboa, essa taxa diminuiu no ano passado para 38/100.000, mas continua sendo a mais alta da América Latina, segundo a organização Insight Crime.

Fonte: AFP

 

 

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