Agentes humanitários da Organização das Nações Unidas (ONU) no Líbano manifestaram, nessa terça-feira (8), preocupação com a possibilidade de que os métodos de guerra utilizados por Israel em Gaza estejam se repetindo no Líbano. Em meio a trocas de tiros e bombardeios entre forças israelenses e a milícia libanesa Hezbollah, a organização pede ações urgentes para evitar a repetição de uma “espiral de desgraça”, que causou baixas de civis e destruição generalizada na Faixa de Gaza.
O diretor do Programa Mundial de Alimentos no Líbano, Matthew Hollingworth, alertou sobre os riscos de uma crise semelhante, enfatizando a importância de ações imediatas para proteger a população e evitar consequências catastróficas.
“Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para evitar essa situação durante esta crise específica”, disse durante coletiva de imprensa.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nove hospitais no Líbano estão fechados ou operando parcialmente, uma situação semelhante à observada em Gaza. Ian Clarke, vice-gerente de incidentes da OMS no Líbano, alertou sobre surtos de doenças em abrigos superlotados e os efeitos do fechamento de hospitais.
Em Gaza, o Exército israelense afirma que combatentes do Hamas se escondem entre civis e que atacarão onde quer que eles apareçam, ao mesmo tempo em que dizem tentar minimizar os danos a civis. Já a campanha contra o Hezbollah, que possui armamentos mais sofisticados, tem como objetivo garantir o retorno seguro dos israelenses evacuados de áreas próximas à fronteira, em resposta aos lançamentos de foguetes do Hezbollah no norte de Israel, que ocorrem há quase um ano em apoio ao Hamas.
Cerca de 42.000 palestinos morreram na Faixa de Gaza, e a maioria dos 2,3 milhões de habitantes da região foi deslocada após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deixou 1.200 israelenses mortos e 250 reféns capturados.
No Líbano, onde mais de 1 milhão de pessoas estão enfrentando evacuações forçadas, a situação se torna cada vez mais semelhante. Com o intenso bombardeio israelense em Beirute e no sul do país, os sete distritos nas áreas fronteiriças com Israel, assim como os subúrbios ao sul da capital, foram abandonados por “centenas de milhares de pessoas”.
Segundo Hollingworth, “muitas dessas cidades, vilas e subúrbios se transformaram em nada além de ruínas”. Ele enfatizou que o país não estava preparado para essa situação, devido aos inúmeros desafios enfrentados nos últimos anos, como a pandemia de covid-19 e a explosão no porto de Beirute em 2020.
O escritório de direitos humanos da ONU já sinalizou anteriormente que as forças israelenses podem ter violado repetidamente as leis de guerra em Gaza. Jeremy Laurence, porta-voz do escritório, reiterou que “os mesmos meios e métodos de guerra” estão sendo utilizados no Líbano. Israel, por sua vez, nega qualquer violação, argumentando que seu conflito é com militantes palestinos, não com a população em geral.
Fonte: VEJA