A acusação foi feita depois que a aliança militar ocidental rejeitou a explicação de Moscou sobre as duas invasões feitas por caças russos ao espaço aéreo da Turquia. As aeronaves participavam da ofensiva no norte da Síria.
Segundo o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, há provas substanciais do reforço militar feito pelos russos por terra e mar. As tropas teriam sido enviadas às bases russas nas cidades sírias de Tartus e Latakia.
As unidades, que ficam próximas a redutos do ditador Bashar al-Assad, são usadas nas operações aéreas russas contra rebeldes moderados e o Estado Islâmico. Elas também são resguardadas por navios russos no Mediterrâneo.
Semanas atrás, membros do governo americano haviam afirmado que Moscou enviou tanques de guerra, armamento e cerca de 200 fuzileiros navais à Síria, além de alojamentos temporários e equipamentos de comunicação.
Oficialmente, a Rússia confirma ter enviado 1.500 soldados e equipamentos de apoio aos ataques. O país nega que vá participar do conflito em terra, embora reconheça a existência de russos entre combatentes dos dois lados da guerra.
Nesta terça, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou qualquer envolvimento do governo na chegada de milicianos russos para ajudarem o ditador sírio, Bashar al-Assad. "Isto não tem nada a ver com a agenda do Kremlin."
Caso isso seja confirmado, há a possibilidade de se repetir na Síria o que aconteceu na Ucrânia. No país do Leste Europeu, os russos engrossaram os separatistas que enfrentam o governo aliado ao Ocidente.
Por outro lado, uma das justificativas de Moscou para bombardear a Síria é a presença de combatentes de repúblicas do Cáucaso, como a Tchetchênia, o Daguestão e a Inguchétia. Segundo o Kremlin, cerca de 2.500 originários destas regiões de maioria islâmica participam da guerra síria compondo milícias moderadas e radicais.
A imprensa estatal síria e o grupo opositor Observatório Sírio de Direitos Humanos informaram que as forças russas e sírias bombardearam nesta terça alvos do Estado Islâmico na cidade moderna de Palmira, do lado das ruínas históricas. Moscou negou participação ataque, que atingiu zonas habitadas por civis.
PROPOSITAL
Para Jens Stoltenberg, a entrada de aviões russos no espaço aéreo turco foi proposital. "Não vou especular sobre os motivos, mas não parece ser um acidente. Vimos dois registros neste fim de semana e duraram bastante tempo."
As autoridades turcas afirmam que a primeira invasão aconteceu no sábado (3), quando um caça russo MiG-29 entrou no espaço aéreo turco. A aeronave foi interceptada por dois F-16 turcos antes de voltar para a Síria.
Na segunda (5), um MiG-29 russo invadiu o território do país ficou 4 minutos e 30 segundos em espaço aéreo turco. Ao mesmo tempo, o sistema de mísseis sírio foi acionado contra os caças turcos que interceptaram o intruso.
O avião citado pelas autoridades turcas é usado tanto pela Força Aérea da Rússia quanto pelos militares sírios, mas não está na lista de aviões russos que participam da operação na Síria. O Ministério da Defesa russo confirma só a primeira invasão, que diz ter sido provocada pelo mau tempo.
Para o representante russo na Otan, Alexander Grushko, a aliança ocidental quer usar a incursão ao território turco, que diz ter sido acidental, para distorcer a campanha militar russa na Síria.
"A impressão é que este incidente no espaço aéreo turco foi usado para que a Otan fosse usada como uma organização para difundir a campanha de informação feita pelo Ocidente para distorcer os objetivos das operações russas na Síria."