Famílias palestinas deslocadas pelo conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas começaram a retornar para o norte da faixa de Gaza após os acessos serem liberados por Israel na manhã desta segunda-feira (27).
O desbloqueio das vias para o norte de Gaza foi anunciado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em uma publicação no X no domingo (26) e ocorre após o Hamas concordar em liberar a refém israelense Arbel Yehud, além de outras duas cativas até sexta-feira (31).
Em imagens feitas pela agência de notícias Reuters, foi possível observar um grande número de palestinos andando a pé, ou transportados por meio de carros, caminhões e carroças sobrecarregados com colchões, alimentos e as tendas que serviram como abrigo por mais de um ano.
O deslocamento formou um “corredor humano” de dezenas de milhares de palestinos, que andavam pela orla de Wadi Gaza, próximo a uma praia.
Apesar da paisagem marcada por escombros, o retorno à região está sendo comemorado pelas famílias, que se abraçam e tiram selfies. Segundo testemunhas da Reuters, os primeiros palestinos chegaram à Cidade de Gaza, no norte, nas primeiras horas da manhã desta segunda.
Após aguardarem por dois dias à frente dos bloqueios nas estradas, um primeiro ponto de travessia foi aberto por volta das 7h no horário local (2h no horário de Brasília), e outro ponto foi aberto duas horas depois, às 9h no horário local.
A liberação das vias ocorreu após novo progresso nas negociações entre Israel e Hamas no âmbito do cessar-fogo no conflito, quando acordaram na libertação de mais seis reféns israelenses até sábado (1º). Antes do novo entendimento, ambos os lados se acusavam de violar a trégua, e Netanyahu se recusava a abrir os pontos de travessia.
Israel liberou 200 prisioneiros palestinos no sábado
Israel libertou, neste sábado (25), 200 prisioneiros palestinos como parte do acordo de cessar-fogo com o grupo terrorista Hamas, de acordo com informações confirmadas pelo serviço prisional israelense.
Assim que as quatro reféns israelenses foram soltas pela manhã, ônibus com os prisioneiros foram avistados saindo da prisão militar de Ofer, na parte ocupada da Cisjordânia, e de Ktziot, no deserto de Neguev.
Entre os 200 prisioneiros, estão 120 pessoas que cumprem penas de prisão perpétua após serem condenados por ataques mortais contra israelenses.
70 deles foram soltos na fronteira com o Egito, em Rafah. Esse grupo não poderá retornar à Faixa de Gaza ou à Cisjordânia, segundo a Qahera TV, emissora estatal do Egito. Eles serão transferidos para hospitais egípcios para receber tratamento e devem seguir para outro país, possivelmente Turquia, Catar ou Argélia.
O Egito foi um dos mediadores principais em mais de um ano de negociações pelo cessar-fogo.
A primeira troca de reféns ocorreu no dia 19 com a libertação de três reféns israelenses e 90 prisioneiros palestinos.
Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag deixaram o território palestino em veículos da Cruz Vermelha.
Nos primeiros 42 dias de acordo de cessar-fogo, a previsão é que três a quatro reféns mantidos em Gaza sejam soltos a cada semana.
O acordo entre as duas partes prevê entre 30 e 50 presos libertados para cada refém devolvido e a interrupção dos bombardeios e incursões militares na Faixa de Gaza.
A guerra de Israel contra o Hamas em Gaza já matou mais de 47.000 palestinos, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza. O ministério não faz distinção entre combatentes e civis.
A guerra foi desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 a Israel, que matou cerca de 1.200 pessoas.
Etapas do acordo de cessar-fogo
No dia 19 de janeiro, Israel e Hamas chegaram a um acordo que pode colocar um fim definitivo na guerra após mais de seis meses de negociações. As conversas foram mediadas por Estados Unidos, Catar e Egito.
Após uma semana em vigência, o acordo já permitiu que reféns tomados pelo Hamas voltassem para Israel. Agora, com a liberação de Israel nas vias do norte de Gaza, as famílias deslocada pelo conflito poderão retornar a seus locais de origem, mas sem portar armas.
A partir daí, tropas israelenses se retirarão do corredor Netzarim, a via principal de Gaza. A travessia de Rafah, entre o Egito e Gaza, voltará gradualmente a operar, permitindo a passagem de pessoas doentes para tratamento fora do enclave.
Será permitido o aumento da entrada de ajuda humanitária a Gaza. A expectativa é que 600 caminhões possam entrar por dia, o triplo do máximo atingido durante o conflito.
Nas semanas seguintes, devem ocorrer liberações periódicas pelos dois lados, até um total de 33 reféns israelenses — vivos ou mortos — e quase 2 mil palestinos (1.167 detidos em Gaza desde o início da guerra e 737 remanescentes detidos antes de 8 de outubro de 2023).
Na segunda etapa do acordo, que prevê a liberação de mais reféns e a retirada das tropas de Israel em Gaza.
Já a terceira e última fase do acordo prevê o estabelecimento de negociações sobre a reconstrução de Gaza, que poderia levar anos. Há, porém, um debate sobre quem governaria a região: Israel não aceita que seja o Hamas, que hoje controla o enclave.Devolução de todos os demais corpos de reféns.
Fonte: G1