O Knesset, o Parlamento de Israel, aprovou, na segunda-feira (1º), uma lei que permite ao governo fechar a rede de TV Al Jazeera no país. O projeto contou com 71 votos a favor e 10 contra.
Antes mesmo da votação, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia afirmado, por meio do porta-voz de seu partido, o Likud, que “tomará medidas imediatas para fechar a Al Jazeera, de acordo com o procedimento estabelecido na lei”.
Na rede social X (antigo Twitter), Netanyahu se pronunciou sobre a lei e chamou a emissora de terrorista.
“A Al Jazeera prejudicou a segurança de Israel, participou ativamente do massacre de 7 de outubro e incitou contra os soldados das Forças de Defesa de Israel. O canal terrorista Al Jazeera não transmitirá mais de Israel”, disse o primeiro-ministro israelense.
A lei aprovada pelo Congresso israelense não se limita apenas ao Al Jazeera: ela permite o fechamento temporário em Israel de emissoras estrangeiras consideradas uma ameaça à segurança nacional. O fechamento de veículos de imprensa pelo governo de Netanyahu se estenderia por um período inicial de 45 dias, com a suspensão podendo ser renovável por mais tempo.
A Al Jazeera é uma rede de TV com sede no Catar, que recebe financiamento direto do regime de Doha, embora afirme manter independência editorial.
Israel já havia acusado a emissora de provocar agitação contra o país entre os telespectadores árabes.
Reação da Al Jazeera
Em nota, a Al Jazeera afirmou que Netanyahu faz uma campanha contra a rede, acusando-a de prejudicar a segurança de Israel e de ter participado dos ataques terroristas do 7 de outubro, quando o grupo terrorista Hamas assassinou 1.200 pessoas, o que a rede diz que são mentiras.
“Netanyahu não conseguiu encontrar nenhuma justificativa para dar ao mundo para seus ataques recorrentes contra a Al Jazeera e a liberdade de imprensa, exceto as mentiras e calúnias contra a rede e seus funcionários”, diz o texto.
Rodadas de negociações em Doha
Desde a guerra em Gaza, que eclodiu em 7 de outubro, com assassinatos e sequestros cometidos pelos combatentes do Hamas, que controla o território, Doha tem mediado negociações de cessar-fogo. Em novembro do ano passado, Israel recuperou alguns dos reféns durante trégua negociada por meio dessas conversas.
No entanto, as negociações sobre uma segunda proposta de trégua parecem não levar a lugar algum. Em janeiro, Netanyahu apelou publicamente para que Doha impusesse mais pressão ao Hamas para que este acatasse as condições de Israel. O Catar abriga o gabinete político do grupo e várias autoridades graduadas do Hamas.
Questionado se a ameaça contra a Al Jazeera poderia fazer parte de tal pressão, um porta-voz do governo israelense, Avi Hyman, não respondeu diretamente, embora tenha descrito a emissora como “empenhada em divulgar propaganda durante muitos e muitos anos”.
O ministro das Comunicações de Israel acusou a emissora em 15 de outubro de incitação pró-Hamas e de expor as tropas israelenses a emboscadas. A Al Jazeera e o governo de Doha não responderam a essas alegações.
Fonte: G1