Donald Trump venceu com folga a eleição presidencial realizada nos Estados Unidos nessa terça-feira (5), desbancando a democrata Kamala Harris, atual vice-presidente do país.
Trump garantiu sua vitória ao assegurar os 270 delegados exigidos pela norma eleitoral. Até o momento, enquanto a apuração continua em alguns estados, ele já conquistou todos os delegados de estados-pêndulo como Pensilvânia, Geórgia, Carolina do Norte e Wisconsin, sendo este último o resultado que definiu a eleição favorável aos republicanos. A projeção que mostra a vitória de Trump foi apresentada na manhã desta quarta-feira (6) pela agência Associated Press (AP).
Aos 78 anos, Trump retornará à Casa Branca em 20 de janeiro de 2025, quando será empossado para seu segundo mandato como presidente, após ficar quatro anos longe do poder. Ele deve comandar os Estados Unidos até 2029, sendo o 47º líder da maior potência do mundo. O senador republicano J.D. Vance, vice na chapa de Trump, assumirá como o 50º vice-presidente da história dos EUA.
A volta de Trump à presidência ocorre em um momento de insatisfação nacional, com apenas um quarto dos americanos expressando apoio com a direção do país e dois terços manifestando perspectivas econômicas desfavoráveis.
Trump substitui o atual presidente Joe Biden, do Partido Democrata, apresentando-se como um defensor das liberdades amparadas pela Constituição dos Estados Unidos, como as liberdades de expressão e defesa. É a segunda vez na história que um presidente comandará os Estados Unidos por dois mandatos não consecutivos.
Horas antes de alcançar os 270 delegados – faltavam três para o mínimo -, o ex-presidente já declarava vitória no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, na cidade de West Palm Beach, Flórida.
“Quero agradecer ao povo americano pela extraordinária honra de ter sido eleito seu 47º presidente”, afirmou o republicano, acompanhado de sua família, membros da equipe de campanha e apoiadores.
“Faremos a América grande novamente”, declarou Trump diante dos gritos de histeria que inundaram o local durante a madrugada, enquanto a apuração acontecia.
A confirmação de vitória veio com o fim da apuração no estado de Wisconsin, por volta das 7h30 desta quarta-feira (6), que deixou Trump com 277 delegados.
A política de imigração dominou a campanha de Trump, que apontou falhas na gestão de fronteira de Biden. Em dezembro de 2023, os EUA registraram um recorde de mais de 300 mil entradas ilegais no país, enquanto a média mensal de 2013 a 2019 era de 39 mil. Em resposta a esses números, Trump prometeu em seu plano de governo realizar a maior deportação da história do país. Entre as principais propostas também, estão o envio de reforços para proteger a fronteira EUA-México, a construção de novas instalações de detenção de imigrantes ilegais, e até a aplicação de tarifas sobre produtos mexicanos, caso o governo local, liderado pela socialista Claudia Sheimbaum, não controle a crise migratória e o tráfico de drogas.
O republicano também se comprometeu a acabar com os programas de liberdade condicional implementados por Biden, que permitem a entrada temporária de imigrantes. De acordo com dados oficiais, mais de um milhão de pessoas foram admitidas no país por meio desses programas. Trump também defende o fim da cidadania por direito de nascimento para filhos de imigrantes em situação irregular e prometeu deportar estudantes estrangeiros envolvidos em manifestações contrárias a Israel. Por outro lado, ele sugeriu uma medida para facilitar a migração de estudantes estrangeiros em universidades americanas, garantindo-lhes green cards automáticos.
Em seu discurso de vitória, nesta quarta-feira (6), o republicano garantiu que vai “selar as fronteiras” do país e que só permitirá a entrada de imigrantes “de maneira legal”.
“Vamos selar as nossas fronteiras e vamos ter que deixar que as pessoas entrem no país. Queremos que as pessoas regressem. Temos de deixá-las regressar, mas terão de fazê-lo de maneira legal. Podem vir, mas de maneira legal”, enfatizou Trump diante de centenas de apoiadores no Centro de Convenções de Palm Beach, cercado por sua família.
“Temos que ajudar o nosso país a se cicatrizar. Temos um país que precisa de ajuda, e precisa dela urgentemente. Vamos consertar as nossas fronteiras”, acrescentou no discurso.
Na área econômica, Trump terá que enfrentar uma economia que, embora esteja em crescimento, mostra sinais de desaceleração na geração de empregos e mantém uma inflação ainda preocupante. Em outubro, o país registrou apenas 12 mil novos postos de trabalho, uma queda significativa em comparação ao mês anterior. Desde que Biden assumiu a presidência, a inflação acumulada em 12 meses passou de 1,4% para um pico de 9,1% em 2022. Embora o índice tenha caído para 2,5% em agosto deste ano, o custo de vida ainda pesa no bolso dos americanos.
Para tentar controlar os preços e estimular a produção interna, Trump anunciou que pretende impor tarifas de 10% a 20% sobre produtos importados, chegando a até 60% para importações da China. Além disso, promete expandir as concessões para extração de petróleo, visando reduzir os preços de energia. No campo fiscal, ele planeja tornar permanente a Lei de Cortes de Impostos e Empregos, aprovada em seu primeiro mandato, reduzindo a maior faixa de imposto sobre pessoas físicas para 37% e a taxa corporativa para 15% para empresas que fabricam nos Estados Unidos. Outras propostas incluem isentar idosos de impostos sobre benefícios da Previdência Social.
Na política externa, Trump herdará os desafios das guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. Embora não tenha uma proposta concreta para a resolução do conflito entre Ucrânia e Rússia, o republicano tem indicado seu desejo de que Kiev tente negociar um acordo, ainda que doloroso, de paz o ditador Vladimir Putin. Durante a campanha, ele criticou duramente o apoio militar de Biden à Ucrânia, acusando os democratas de conduzirem o mundo à beira de uma nova guerra mundial.
Em relação a Israel, Trump tem reafirmado seu apoio ao país, relembrando sua decisão, em seu primeiro mandato, de transferir a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém. Ele também prometeu apoiar Israel no atual conflito, embora tenha cobrado uma resolução rápida e melhor manejo das relações públicas: “Israel precisa fazer um trabalho melhor de relações públicas, francamente, porque o outro lado está vencendo na frente de relações públicas”, declarou Trump.
Maioria no Senado
O Partido Republicano tirou do Partido Democrata o controle do Senado dos Estados Unidos nas eleições dessa terça-feira (5), após passar os últimos quatro anos na oposição, segundo projeções da agência Associated Press (AP) e da rede de televisão Fox News.
Os republicanos conquistaram ao menos duas cadeiras anteriormente ocupadas pelos democratas, nos estados de Ohio e Virginia Ocidental, o suficiente para mudar o controle da câmara alta do Congresso.
Os republicanos podem conseguir o controle total da Congresso, caso também consigam a maioria na Câmara dos Representantes, o que algumas projeções apontam como uma tendência.
No Senado, os democratas contam atualmente com uma pequena maioria de 51 cadeiras contra 49 dos republicanos.
A cada dois anos, o Senado dos EUA renova um terço de seus membros. O mapa de 34 assentos em jogo nesta terça-feira foi especialmente difícil para os democratas, pois eles tiveram que defender assentos em estados historicamente conservadores e decisivos.
Além das cadeiras perdidas na Virgínia Ocidental e em Ohio, os republicanos também podem conquistar cadeiras democratas em Arizona, Pensilvânia, Michigan, Nevada e Wisconsin, estados onde a apuração está avançando.
Os republicanos, por sua vez, conseguiram manter as poucas cadeiras que estavam em risco, como as de Nebraska e Texas.
Os republicanos agora precisam procurar um líder para sua nova maioria no Senado, já que o influente Mitch McConnell anunciou meses atrás que deixaria o cargo de liderança da bancada do partido nessa Casa.
Enquanto isso, a disputa presidencial do país segue em apuração, com uma vantagem expressiva de Donald Trump, que caminha para seu segundo mandato na Casa Branca.
Fonte: Gazeta do Povo