ARACAJU/SE, 24 de outubro de 2024 , 11:22:35

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Polícia de Hong Kong prende editor de jornal pró-democracia

 

Fung Wai-long, editor de opinião do jornal pró-democracia “Apple Daily” foi preso em Hong Kong no domingo (27), quando pretendia deixar o território chinês. O jornalista de 57 anos é o sétimo integrante do jornal a ser detido com base na lei de segurança nacional, imposta pela China no território há quase um ano.

Crítico do governo chinês e a favor da autonomia política da cidade, o “Apple Daily” encerrou suas atividades na semana passada em meio a operações policiais, congelamento de ativos e prisões. Sua última edição foi publicada na quinta-feira (24), após 26 anos de circulação (veja no vídeo abaixo).

A polícia confirmou a detenção de um homem de 57 anos no aeroporto por “conluio com forças e potências estrangeiras”, sem confirmar o nome do jornalista.

Fung Wai-long assinava os textos com o pseudônimo Lo Fung. Na semana passada, o colunista Yeung Ching-kee foi detido pela mesma acusação e depois colocado em liberdade sob fiança.

A Associação de Jornalistas de Hong Kong afirmou em comunicado que os acontecimentos recentes, incluindo o fechamento do “Apple Daily”, quase “acabaram com a liberdade de imprensa” na cidade.

Operação contra o jornal

Quase 500 policias participaram de uma operação policial na redação do jornal em 17 de junho e prenderam cinco diretores. Dois deles foram acusados de “conluio com forças estrangeiras” por artigos que pediam sanções internacionais contra as autoridades chinesas. Eles estão em prisão preventiva.

O tabloide já havia sido alvo de outra operação no ano passado, mas foi a primeira vez que o conteúdo de um artigo motivou detenções com base na lei de segurança nacional. O proprietário do jornal, o empresário Jimmy Lai, está em prisão preventiva há meses e cumpre várias penas por sua participação nas manifestações pró-democracia de 2019.

Lei de segurança nacional

Hong Kong foi um território britânico até 1997, quando o Reino Unido assinou um acordo para devolvê-lo à China. O acordo, no entanto, previa a preservação da autonomia da região. Mas isso tem sido cada vez mais desrespeitado pelo governo comunista chinês, sobretudo após os protestos de 2018 por mais liberdade política e menos intervenção chinesa em Hong Kong.

A lei de segurança nacional foi aprovada em 2020, sem passar pelo parlamento de Hong Kong, e foi incorporada à “Lei Fundamental” do território, que serve desde 97 como uma “mini-Constituição”. Ela criminalizou grande parte da oposição e deu às autoridades amplos poderes de investigação, além de permitir que as pessoas possam ser condenadas à prisão perpétua.

Mais de 100 pessoas já foram detidas com base na lei de segurança nacional, inclusive alguns dos ativistas pró-democracia mais conhecidos da cidade. Alguns fugiram para o exterior. A lei visa reprimir o “separatismo”, o “terrorismo”, a “subversão” e o “conluio com forças externas e estrangeiras”, e o jornal eram considerado um problema pelo governo chinês por apoiar abertamente o movimento pró-democracia na cidade.

A China afirma que a lei é necessária para devolver a estabilidade a Hong Kong, mas os críticos — incluindo vários países ocidentais — dizem que ela enterrou a promessa chinesa de que a cidade permaneceria com certas liberdades e autonomia após a sua devolução em 1997.

Fonte: G1

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