O presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, compareceu a uma audiência do Tribunal Constitucional sobre seu julgamento de impeachment nesta terça-feira, 21, onde apresentou argumentos em defesa de seu decreto da lei marcial no mês passado.
Em sua primeira aparição pública desde que se tornou o primeiro presidente sul-coreano em exercício a ser preso, Yoon prometeu responder a todas as perguntas do tribunal e disse ter trabalhado no serviço público com “um firme compromisso com a democracia livre”.
Os advogados de Yoon disseram que o objetivo do decreto era soar o alarme sobre os abusos cometidos pelo Partido Democrata, da oposição.
“O decreto tinha a intenção de simplesmente estabelecer o formato da lei marcial e nunca teve a intenção de ser executado, nem foi possível executá-lo devido ao potencial de conflito com leis de nível superior”, disse o advogado Cha Gi-hwan ao tribunal.
O presidente afastado também negou ter ordenado que militares retirassem os deputados da Assembleia Nacional para impedi-los de votar pela suspensão de seu decreto da lei marcial no mês passado. Yoon disse na audiência que as tropas enviadas ao parlamento em 3 de dezembro não estavam lá para impedir o legislativo de suspender sua lei marcial, porque ele sabia que tal ação levaria a uma crise indefensável.
“Neste país, o parlamento e a mídia são muito mais poderosos que o presidente, ocupando uma posição muito superior”, declarou ao tribunal, acrescentando que “não teria conseguido lidar com as consequências” caso tivesse obstruído a votação.
Alguns comandantes das unidades militares enviadas à assembleia no mês passado, por sua vez, discordaram da declaração de Yoon. Kwak Jong-keun, comandante de uma unidade de forças especiais, disse em uma audiência que o presidente afastado o havia contatado diretamente e pedido que suas tropas “rapidamente destruíssem a porta e arrastassem para fora os legisladores que estão lá dentro”, acrescentando que não cumpriu a ordem.
Investigações
O presidente sul-coreano está preso desde a semana passada sob uma investigação por suposta tentativa de golpe de Estado ao impor lei marcial no país em dezembro do ano passado, depois que mais de 3 mil policiais invadiram sua residência no bairro conhecido como “Beverly Hills de Seul”. Uma tentativa anterior de prendê-lo, em 3 de janeiro, fracassou após agentes serem barrados pela guarda presidencial. Na sexta-feira, investigadores da Coreia do Sul pediram a prorrogação da prisão do presidente sul-coreano.
Anteriormente, Yoon havia se recusado a depor durante interrogatórios da agência anticorrupção sul-coreana, exercendo seu direito de ficar em silêncio. “Ele declarou completamente sua posição básica no primeiro dia (da prisão), e acreditamos que não há razão ou necessidade de responder ao estilo de perguntas e respostas”, disse um de seus advogados, Seok Dong-hyeon, em um comunicado.
A equipe de defesa do presidente deposto negou que ele tenha planejado uma insurreição, crime punível com prisão perpétua ou até pena de morte na Coreia do Sul, que não dá direito a imunidade presidencial. O Tribunal Distrital Central de Seul rejeitou uma contestação dos advogados de Yoon sobre a legalidade de sua prisão.
Em paralelo, se a decisão do Tribunal Constitucional for contrária a Yoon, ele sofrerá um impeachment e uma eleição será convocada dentro de 60 dias.
Fonte: Veja