O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que as três principais instalações nucleares do Irã foram destruídas nos ataques lançados pelas forças aéreas americanas neste sábado. Em discurso na Casa Branca após a ação militar, que marca a entrada dos EUA no conflito, Trump ainda ameaçou realizar novos bombardeios se o governo de Teerã não aceitar a paz com Israel, que lançou uma ofensiva contra o país na última sexta-feira.
“Nosso objetivo era a destruição da capacidade de enriquecimento nuclear do Irã e o fim da ameaça nuclear representada pelo Estado patrocinador número 1 do terrorismo no mundo”, disse ele. “Ou haverá paz ou haverá tragédia para o Irã. Que eles cessem os ataques que vimos nos últimos oito dias. Hoje foi o dia mais difícil de todos e talvez o mais letal”, afirmou Trump no pronunciamento em Washington.
No discurso que durou cerca de cinco minutos, Trump afirmou que as forças aéreas americanas realizaram “ataques de precisão”, classificados por ele como um “espetáculo militar”, contra três principais instalações nucleares do Irã – Isfahan, Natanz e Fordow -, que teriam sido “obliteradas” na ação. Autoridades iranianas confirmaram os bombadeiros , segundo a agência oficial Fars, mas não informaram sobre os danos causados e ressaltaram que não há material radioativo nos locais atacados.
Trump afirmou que há outros alvos que poderão ser atacados caso o Irã não concorde com a paz. “Se a paz não vier rapidamente, nós iremos atrás desses outros alvos com precisão, velocidade e habilidade”, acrescentou o presidente americano.
Antes do pronunciamento de Trump, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, agradeceu aos EUA pela ação militar. Segundo ele, a “decisão ousada” do presidente americano contra o “regime mais perigoso” do mundo “mudará o curso da história”.
A decisão de Trump de se envolver diretamente no conflito ocorre depois de mais de uma semana de ataques de Israel contra o Irã, uma ofensiva que lançou temores de uma guerra mais ampla na região. Desde o início do confronto, além dos ataques às instalações nucleares, os militares israelenses minaram as defesas aéreas iranianas e as capacidades do país de lançar mísseis balísticos.
Os ataques dos EUA foram inicialmente informados por Trump em uma série de postagens na rede Truth Social.
“Concluímos com muito sucesso nosso ataque aos três locais nucleares no Irã, incluindo Fordow, Natanz e Isfahan”, escreveu o presidente americano. “Todos os aviões estão agora fora do espaço aéreo do Irã. Uma carga completa de bombas foi lançada no local principal, Fordow. Todos os aviões estão a caminho de casa em segurança”.
A ofensiva dos EUA é uma decisão considerada arriscada, já que o Irã prometeu retaliar caso os americanos se unissem à ofensiva israelense. Também há riscos políticos para Trump, que foi eleito prometendo manter o país fora de conflitos e criticando os gastos do que ele batizou de “guerras eternas”.
A perspectiva de uma guerra mais ampla já pairava no ar antes mesmo do anúncio de Trump. Mais cedo, os rebeldes houthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, disseram que retomariam os ataques às embarcações dos EUA no Mar Vermelho se Trump se juntasse à campanha militar de Israel. A ofensiva havia sido interrompida em maio, em um acordo com os americanos. Após os ataques, a TV estatal iraniana declarou que qualquer cidadão americano na região é agora um “alvo legítimo”.
Mais cedo, a Força Aérea dos EUA deslocou vários bombardeios B-2 – que podem ser equipados para transportar bombas antibunkers MOP GBU-57, de 13.667kg, que seriam capazes de danificar as instalações nucleares iranianas de Fordow, a principal do programa de Teerã e enterrada no subsolo de uma montanha para protegê-la de ataques.
Uma autoridade dos EUA disse à Reuters que os bombardeios B-2 estavam envolvidos nos ataques às instalações nucleares do Irã. Seis bombas antibunker teriam sido usadas na ofensiva, além de outros 30 mísseis Tomahawk. Até o momento, ainda não está claro se as forças israelenses estavam envolvidas, embora Tel Aviv tenha afirmado que estava em “coordenação” com o governo americano no novo ataque ao programa atômico iraniano.
Na última quarta-feira, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, advertiu os EUA de que eventuais ataques ao país resultariam em “danos irreparáveis” para os americanos. E o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Esmail Baghaei, declarou que “qualquer intervenção americana seria uma receita para uma guerra total na região”.
Desde o início do conflito, Trump afirmou reiteradas vezes que não permitiria que o Irã obtivesse uma arma nuclear e, inicialmente, esperava que as ameaças feitas ao país levassem Teerã a desistir pacificamente de seu programa atômico. Os militares israelenses disseram ontem que estão preparados para a possibilidade de um “confronto prolongado”.
Israel lançou o primeiro ataque ao Irã na última sexta-feira (13), sob a alegação de que o Irã estava prestes a desenvolver armas nucleares. Teerã, por sua vez, nega e diz que seu programa atômico tem fins puramente pacíficos.
Ao menos 430 pessoas foram mortas e 3.500 ficaram feridas no Irã desde que Israel deu início aos ataques, segundo a agência estatal Nour News, que cita o Ministério da Saúde de Teerã. Pelo lado israelense, 14 pessoas morreram e 1.272 ficaram feridas.
Fontes: Valor Econômico, Associated Press e Reuters