A Rússia e a China fizeram uma declaração conjunta acusando o Ocidente de impor seus pontos de vista sobre a comunidade internacional por meio de “chantagens e ameaças”.
A mensagem foi divulgada nesta quinta-feira (2), após um encontro entre os ministros das Relações Exteriores Serguei Lavrov, da Rússia, e Qin Gang, da China, em uma reunião paralela à cúpula do G20, em Nova Délhi, na Índia.
“Os chanceleres rejeitaram as tentativas de interferência nos assuntos internos de outros países, de impor abordagens unilaterais por meio de chantagens e ameaças”, informou o comunicado. A mensagem é vista como mais um gesto de aproximação entre Moscou e Pequim.
Ainda de acordo com o comunicado, os dois países veem com satisfação o “desenvolvimento rápido do diálogo político bilateral e da cooperação prática”, incluindo a situação da Ucrânia ― o Kremlin teria se agradado com os esforços da China para contribuir com a “resolução política” do conflito.
“Em todos os temas abordados, constatamos um elevado nível de proximidade e correspondência entre nossas posições”, afirmaram os países na nota.
A aproximação de Rússia e China tem ocupado a atenção de autoridades, que temem que Pequim passe a interferir diretamente na guerra na Ucrânia, como fornecedores e financiadores de Moscou.
A reunião do G-20 — grupo das maiores economias do mundo — acabou sem uma declaração conjunta devido às “divergências provocadas pelo conflito na Ucrânia”, de acordo com a presidência indiana. Segundo a diplomacia russa, Moscou e Pequim foram os únicos integrantes do grupo que não concordaram com a declaração que exigia “a retirada completa e incondicional da Rússia do território da Ucrânia”.
EUA x Rússia: acordo nuclear
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, encontraram-se em Nova Dheli, na Índia. Esse é o primeiro encontro entre as autoridades dos dois países desde de o início do conflito na Ucrânia. A reunião bilateral ocorreu durante a realização do G20, nesta quinta-feira (2) — o encontro entre as 20 maiores economias do mundo.
Em quase 10 minutos de conversa entre o chanceler russo e o americano, o principal tema foi a tentativa de reverter a decisão da Rússia em deixar o Tratado de Redução de Armas Estratégicas Nucleares, conhecido como New START. A Rússia anunciou a suspensão da participação no acordo no último 21 de fevereiro.
Representantes da Rússia afirmaram que só vão voltar a discutir retomada do acordo quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e os EUA decidirem como administrar seus arsenais nucleares na Europa — o Reino Unido e a França, membros da Otan, também possuem ogivas nucleares.
O secretário de Estado americano afirmou que os EUA vão dar apoio à Ucrânia enquanto for necessário. Para Lavrov, a cúpula do G20 se transformou em uma “farsa” graças à participação de algumas delegações ocidentais.
“Gostaria de pedir desculpas à presidência indiana e aos nossos colegas dos países do sul global pelo comportamento impróprio de algumas delegações ocidentais que transformaram o trabalho na agenda do G20 em uma farsa, na tentativa de transferir a culpa por seus fracassos econômicos principalmente para a Rússia”, declarou.
O ministro russo também afirmou que continuará a pressionar as ações na Ucrânia, mas admitiu que o país está aberto para encerrar o conflito, além de garantir que a Rússia não se sente isolada. “É o Ocidente que se isolou e acabará percebendo isso”.
Fonte: Revista Oeste