Começou, na última quinta-feira (20), o julgamento da cidadã russo-americana Ksenia Karelina, acusada pela Rússia de suposta traição em conexão com doações de dinheiro feitas ao exército da Ucrânia. A mulher foi presa no início deste ano, enquanto visitava a família em Ecaterimburgo, localizada na banda oriental dos montes Urais.
Karelina, que nasceu na Rússia, mas imigrou para os Estados Unidos há mais de uma década, onde construiu uma vida como esteticista em um spa de Los Angeles, pode receber uma sentença que vai de 12 anos na cadeia até a prisão perpétua caso considerada culpada. Seu julgamento será realizado a portas fechadas, como é habitual nesses casos na Rússia. Absolvições por traição no país são raras.
O caso
O tribunal da cidade de Ecaterimburgo publicou um vídeo curto de Karelina sentada dentro de uma gaiola de vidro, vestindo jeans e uma camisa xadrez verde. A ex-bailarina de 32 anos foi acusada de doar cerca de US$ 50 (R$ 270) à Razom, uma instituição de caridade pró-Ucrânia com sede em Nova York.
Os promotores alegam que ela “transferiu proativamente fundos para uma organização ucraniana, que as Forças Armadas ucranianas usaram posteriormente para comprar medicamentos táticos, equipamentos, armas e munições”.
O Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB) deteve Karelina em janeiro, enquanto ela visitava os pais e a irmã mais nova em Ecaterimburgo. Sua ex-sogra, Eleonora Srebroski, disse à agência de notícias Reuters em fevereiro que ela havia viajado para casa na época do Ano Novo, depois que seu namorado deu-lhe uma passagem de avião de presente e ela o assegurou que ir à Rússia seria “seguro”.
Fogo cruzado da diplomacia
A mulher chegou aos Estados Unidos em 2012, por meio de um programa de estudo e trabalho, e foi casada por um breve período com o filho de Srebroski. Seu ex-marido a descreveu como uma mulher divertida, que não se importava muito com política.
Pelo menos uma dúzia de americanos se encontram presos na Rússia atualmente, parte de uma lista crescente de estrangeiros que se viram enroscados na crise das relações entre Moscou e Washington durante a guerra na Ucrânia.
Fonte: VEJA