Além da própria Rússia, quatro países votaram contra a resolução aprovada nesta quarta-feira (2) na Assembleia-Geral da ONU que condena o país pela invasão à Ucrânia. Foram eles: Belarus, Coreia do Norte, Eritreia e Síria.
Para a aprovação, foi preciso maioria de 2/3 dos votantes. O Brasil foi um dos 141 países favoráveis à medida. Outros 35 se abstiveram.
Em pronunciamento antes da votação, o embaixador da Rússia na ONU, Vasily Nebenzya, pediu que a minuta não fosse aprovada e que os países “votassem por seus interesses e não por pressão”. Durante seu discurso, acusou a Ucrânia de utilizar pessoas como escudo humano e manter reféns em Kiev.
Nebenzya disse que a recusa da votação permitiria “libertar a Ucrânia do neonazismo” e que há o crescimento de grupos com este ideal no país do Leste Europeu.
“Estamos tentando terminar a guerra de oito anos na região de Donbas. Falamos com todos, mas não nos deram ouvidos. O objetivo da operação especial mostra que não estamos fazendo ataques à infraestrutura civil”, adicionou.
Autoridades russas justificam constantemente a ação culpando a Ucrânia por discriminação e perseguição contra a população russa no país, principalmente nas autoproclamadas Repúblicas de Luhansk e Donetsk.
Belarus
Belarus, por sua vez, é um aliado histórico da Rússia, e o presidente do país, Alexander Lukashenko, é um líder próximo diplomaticamente de Vladimir Putin.
A Ucrânia chegou a acusar o país de estar envolvido na invasão russa e que poderia até participar do ataque. Tropas russas entraram no território ucraniano por Belarus, utilizando também a maior proximidade da capital Kiev com a fronteira entre os dois países.
O país nega envolvimento com a invasão russa, mas tem sido visto por Estados Unidos, União Europeia, Ucrânia e outras nações como um dos aliados mais importantes da Rússia no momento.
“Rejeitamos categoricamente as acusações contra Belarus sobre o uso ilícito de força contra a Ucrânia”, afirmou o embaixador Velentin Rybakov em pronunciamento na ONU também nesta quarta-feira (2), complementando que o país apenas organiza negociações entre Rússia e Ucrânia.
O embaixador defendeu a posição dada pela Rússia de que as Nações Unidas foram negligentes com supostas violações a Ucrânia aos Direitos Humanos, em referência a grupos neonazistas no país, dizendo que os órgãos internacionais não tinham “a coragem e a força de resposta às atividades criminosas na Ucrânia”.
Síria
Também antes da votação, Bassam al-Sabbagha, embaixador da Síria, disse que o objetivo da resolução era pressão política e que a minuta era “uma hipocrisia política deslavada” que “ocidentalizava a situação”.
“Essa minuta é uma campanha da mídia de disseminação de mentiras e informações incorretas. Não tem objetivo de achar uma solução clara e prática para a crise. É um texto cheio de brechas e inverdades, que ignora as razões reais para a intensificação das ações e início das hostilidades”, afirmou.
O representante sírio destacou ainda que deveria haver a “mesma disposição” dos países com relação à “ocupação contínua de Israel” e ao que chamou agressão turca e violação dos EUA da integridade territorial síria.
Por fim, al-Sabbagh pontuou que a medida gerava “pesos e medidas diferentes”, além de sanções unilaterais.
Vale lembrar que o governo russo auxiliou Bashar al-Asaad, governante sírio, na guerra civil do país. Desde então, o país tem declarado apoio ao presidente Putin.
Eritreia
A Eritreia disse que acredita que a integridade territorial deve ser respeitada por todos os países, mas justificou o voto dizendo ser contrária à “internacionalização do território e imposição de sanções unilaterais que podem escalar a situação e deploram o diálogo internacional”.
O representante do país ainda afirmou que africanos estão enfrentando problemas para sair do país, algo que foi relatado anteriormente, e reiterou querer “ver que as portas da diplomacia continuam abertas”, disse o representante do país na ONU.
Coreia do Norte
A Coreia do Norte não se pronunciou durante a Assembleia, mas a agência estatal KCNA noticiou em 28 de fevereiro que o país culpou a “política hegemônica” e “arrogância” dos Estados Unidos e do Ocidente.
“A causa raiz da crise na Ucrânia está totalmente na política hegemônica dos EUA e do Ocidente, que se impõem com arrogância e abuso de poder contra outros países”, disse a agência de notícias oficial do Norte KCNA, citando um Ministério das Relações Exteriores não identificado. porta-voz.
A Coreia do Norte acusou Washington e seus aliados de “ignorar as exigências razoáveis e legítimas da Rússia” para garantir garantias de segurança legalmente respaldadas.
Fonte: CNN Brasil