O governo francês anunciou, no último sábado (17), a construção de uma nova prisão de segurança máxima na Guiana Francesa, voltada aos traficantes de drogas e condenados por radicalismo islâmico.
A unidade será erguida nos arredores de uma antiga colônia penal no município de Saint-Laurent-du-Maroni, em meio à selva amazônica, e já enfrenta forte oposição de líderes e moradores locais.
Sobre o projeto
A penitenciária, orçada em US$ 450 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões), terá capacidade para 500 detentos e deve ser inaugurada em 2028. O projeto estava previsto desde 2017, mas até então não incluía a transferência de presos de alta periculosidade da França continental.
Segundo o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, 60 vagas serão destinadas a internos sob regime extremamente rigoroso — dos quais 15 serão para condenados por radicalismo islâmico.
“Nosso objetivo é claro: retirar de circulação os perfis mais perigosos envolvidos no tráfico de drogas”, afirmou Darmanin em entrevista ao Journal du Dimanche, durante visita à Guiana Francesa. “Minha estratégia é simples: atingir o crime organizado em todos os níveis. Esta prisão será uma arma essencial nessa guerra”.
O anúncio pegou a população local de surpresa e provocou forte reação das autoridades regionais. Jean-Paul Fereira, presidente interino da Coletividade Territorial da Guiana Francesa, classificou a decisão como desrespeitosa e unilateral.
“Recebemos a notícia com espanto e indignação. O plano original, firmado em 2017, previa uma prisão para aliviar a superlotação no sistema carcerário local — jamais para abrigar criminosos de alta periculosidade vindos da França continental”, afirmou Fereira em comunicado divulgado nas redes sociais.
A indignação foi reforçada pelo deputado Jean-Victor Castor, que criticou a ausência de diálogo com os representantes locais e acusou o governo francês de repetir práticas coloniais.
É um insulto à nossa história, uma provocação política e um retrocesso colonial”, declarou Castor, pedindo a suspensão imediata do projeto.
A Guiana Francesa, território ultramarino europeu na América do Sul, já enfrenta altos índices de criminalidade e problemas estruturais. Para seus representantes, transformar a região em um centro de detenção de criminosos perigosos vindos de fora é uma medida que ignora as necessidades e a soberania local.
Fonte: Aventuras na História