ARACAJU/SE, 28 de setembro de 2025 , 18:15:10

Sanções da ONU contra Irã voltam a entrar em vigor

 

As sanções da ONU contra o Irã foram restabelecidas na noite deste sábado (27) após expirar o mecanismo ativado no fim de agosto por Reino Unido, França e Alemanha.

Os países repreendem Teerã pelo descumprimento de seus compromissos sobre o seu programa nuclear.

Após a autorização do Conselho de Segurança da ONU e o fracasso, na sexta-feira (26), de Rússia e China para prorrogar a data limite, as severas sanções, que vão desde um embargo de armas até medidas econômicas, voltaram a entrar em vigor automaticamente neste sábado, às 20h de Nova York (21h em Brasília), dez anos depois de seu levantamento.

O que aconteceu na votação da ONU na sexta-feira

A proposta da China e da Rússia previa que a resolução do Conselho que rege o acordo nuclear iraniano de 2015, que expira em 18 de outubro, valesse por mais seis meses, até 18 de abril de 2026.

Apenas quatro dos 15 membros do conselho votaram a favor do projeto de resolução apresentado pelos dois países; 9 votaram contra e dois se abstiveram.

França, Alemanha e Reino Unido acusam Teerã de violar um acordo de 2015 que visava impedi-lo de construir uma bomba nuclear. O Irã nega.

Após a votação, o representante do governo francês na ONU afirmou que o retorno das sanções “não significará o fim da diplomacia” com o país.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, apelou ao presidente do conselho para declarar a decisão ilegal e fez ameaças, culpando os três países europeus e os EUA:

“A posição do Irã sobre a implementação é clara e coerente: é legalmente nula, politicamente imprudente e frágil do ponto de vista do procedimento. Ao ignorar fatos, espalhar falsas alegações, deturpar o programa pacífico do Irã e bloquear a diplomacia, eles, ativamente e intencionalmente, abriram caminho para uma escalada perigosa. A diplomacia nunca morrerá, mas será mais difícil e mais complicada do que antes”.

Na quinta-feira (25), o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que Teerã estava totalmente preparado para enfrentar qualquer cenário e ajustaria suas políticas se as sanções da ONU fossem restabelecidas, embora ainda tivesse esperança de que elas não fossem retomadas.

No mesmo dia, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano atacou os EUA e disse que as declarações americanas sobre negociações com o Irã sobre sua política nuclear são falsas:

“A alegação dos Estados Unidos de um desejo por diplomacia não passa de engano e flagrante contradição; não se pode bombardear um país simultaneamente enquanto se participa de negociações diplomáticas e falar de diplomacia”, disse no X.

Em junho, o Irã afirmou que construiu e irá ativar uma terceira instalação de enriquecimento nuclear, aumentando significativamente sua produção de urânio enriquecido e desafiando exigências dos EUA e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

O anúncio aconteceu logo após a agência da ONU censurar o país por não cumprir obrigações de não proliferação destinadas a impedir o desenvolvimento de armas nucleares em todo o mundo e poucos dias antes de um ataque de Israel em parceria com os EUA destruir instalações nucleares do país.

“A República Islâmica do Irã não tem outra escolha senão responder a essa resolução política”, disseram o Ministério das Relações Exteriores e a Organização de Energia Atômica do Irã em um comunicado conjunto.

A medida deu início a esforços para restaurar sanções contra o país. Foi a primeira censura emitida pela ONU contra o Irã sobre o não cumprimento do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) – um acordo amplo referendado por 191 países -, que obriga o país a declarar todo material e atividade nuclear que possui e permitir que inspetores da ONU verifiquem se as atividades têm fins pacíficos.

Fonte: G1

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