As tropas de Israel estão prestes a atacar supostos redutos do Hamas em Rafah, cidade superpovoada ao sul da Faixa de Gaza, disse um alto funcionário israelense à agência de notícias Reuters, nessa quarta-feira (24). Rafah concentra mais da metade da população de Gaza, que se deslocou para lá sob orientação do governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em meio aos bombardeios incessantes no norte do território.
Os planos da nova ofensiva incluiriam a retirada de parte da população da região, segundo a Reuters, que também afirmou que Ministério da Defesa de Israel comprou 40 mil tendas, com capacidade para até 12 pessoas, para abrigar os palestinos deslocados de Rafah. A retirada de civis deverá ser autorizada pelo gabinete de guerra israelense na próxima semana, mas os soldados aguardam a ordem do premiê para dar início ao ataque a qualquer momento, disse a agência de notícias.
Israel argumenta que Rafah abriga quatro batalhões de combate do grupo palestino Hamas e que o controle do local é imprescindível para a vitória na guerra contra os militantes, iniciada após o ataque terrorista de 7 de outubro. Mais de 34 mil palestinos e 1.200 israelenses foram mortos desde então. Um porta-voz da administração Netanyahu disse que o país está “avançando” com uma operação terrestre. Não há, contudo, um cronograma definido.
Apelos internacionais
A operação em Rafah parece iminente, apesar de uma série de alertas da comunidade internacional, incluindo da Arábia Saudita, do Brasil e das Nações Unidas. Em fevereiro, porta-voz das Nações Unidas, Stéphane Dujarric disse que a entidade não queria “ver nenhum deslocamento em massa forçado, que é por definição contra a vontade das pessoas”.
“De forma alguma apoiaremos deslocamentos forçados, que vão contra a lei internacional”, afirmou na ocasião.
O enviado especial dos Estados Unidos para questões humanitárias no Oriente Médio, David Satterfield, disse a repórteres, na terça-feira (23), que o país mantém “discussões” com Israel sobre “formas alternativas” de enfrentar o desafio que é a presença militar do Hamas em Rafah. Ele também destacou que Washington não apoiaria “uma operação terrestre em Rafah sem um plano humanitário apropriado, credível e executável, precisamente por causa das complicações na prestação de assistência humanitária”.
Acredita-se que Rafah abrigue quase 1,5 milhão de pessoas. Por lá, os civis vivem uma situação de emergência humanitária, incluindo a escassez de medicamentos e de alimentos. Segundo um relatório das Nações Unidas, publicado em janeiro, cerca de 5% das crianças com menos de 2 anos sofriam de subnutrição aguda na cidade. Antes do confronto, o índice era de 0,8% em toda a Faixa de Gaza.
Fonte: VEJA
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