ARACAJU/SE, 12 de julho de 2025 , 5:10:07

Trump planeja demitir mais de 2 mil funcionários da Nasa, indicam relatórios

 

Em meio à pressão da Casa Branca pelo corte de despesas com servidores públicos, relatórios obtidos pelo jornal Político indicam que há planos de dispensar pelo menos 2.145 funcionários de alto escalão da Nasa. Especialistas avaliam que a medida pode privar a agência de décadas de experiência e levar a um movimento de retrocesso nas missões e políticas espaciais.

No geral, os funcionários atingidos pela medida ocupam cargos de nível GS-13 a GS-15, que são reservados aos profissionais com habilidades especializadas ou responsabilidades de gestão. Esses servidores constituem a maior parte dos 2.694 civis que concordaram em deixar a Nasa, sob uma série de ofertas de aposentadoria antecipada, rescisões e demissões adiadas.

Muitos dos que estão saindo também atuam nas principais missões desenvolvidas hoje agência, de acordo com os documentos. Cerca de 1.818 deles fazem parte das equipes de voos espaciais tripulados, enquanto o restante desempenha funções de apoio às missões, como em finanças, tecnologia da informação, computação e gestão de instalações, por exemplo.

As saídas seguem uma proposta de orçamento apresentado pelo governo de Donald Trump para 2026, que diminuiria o financiamento da Nasa em quase 25% e reduziria o seu pessoal em mais de 5.000 funcionários. Se aprovados pelo Congresso, os cortes forçariam a agência a operar com o menor orçamento e equipe desde o início da década de 1960.

Questionada pelo Político sobre os cortes, Bethany Stevens, porta-voz da Nasa, afirmou que “a agência continua comprometida com sua missão”, mesmo que dentro de um orçamento mais apertado. “Estamos trabalhando em estreita colaboração com o governo para garantir que os Estados Unidos continuem a liderar a exploração espacial, avançando em objetivos importantes, incluindo a Lua e Marte”, disse ela.

Prejuízos na ciência espacial

Segundo reportagem do jornal The Guardian, desde que Trump voltou à presidência em janeiro de 2025, o planejamento na indústria espacial dos Estados Unidos foi “lançado ao caos” pelas demissões e cortes orçamentários. Estima-se que o trabalho de 18 mil pessoas da Nasa foi afetado, bem como dezenas de programas científicos.

Tamanha é a preocupação com os desdobramentos desses cortes que, na semana passada, sete ex-chefes da Diretoria de Missões Científicas da Nasa chegaram a assinar uma carta conjunta ao Congresso condenando os cortes propostos à agência. Vale lembrar que, somados, os cortem representam uma queda de quase 47% no orçamento para 2026.

“Os cortes propostos ignoram uma verdade fundamental: os investimentos na ciência da Nasa foram e são um poderoso impulsionador da economia e da liderança tecnológica dos Estados Unidos. Em nossas funções anteriores à frente do empreendimento científico espacial da Nasa, vimos consistentemente equipes qualificadas inovarem diante de objetivos aparentemente impossíveis”, dizia a carta.

No comunicado, ainda é alertado que os cortes ameaçam ceder a liderança espacial dos Estados Unidos à China. De acordo com eles, a competição global vai muito além da exploração da Lua e de Marte.

“O programa de ciência espacial chinês é agressivo, ambicioso e bem financiado”, observam os especialistas. “Ele propõe missões para trazer amostras de Marte, explorar Netuno, monitorar as mudanças climáticas em benefício da indústria e da população chinesas e perscrutar o Universo – todas atividades que a proposta de orçamento da NASA para o ano fiscal de 2026 indica que os EUA abandonarão”.

Nasa segue sem administrador permanente

Outro ponto que tem despertado um sinal de alerta entre os cientistas é a falta do apontamento de um administrador para assumir a Nasa. Até então, o indicado da Casa Branca para o cargo era o astronauta privado Jared Isaacman, um aliado de Elon Musk. No entanto, como destaca a agência Reuters, desde o afastamento do bilionário do governo, retirou abruptamente a sua nomeação.

Em uma publicação nas redes sociais, Trump escreveu que achava que seria “inapropriado” que um amigo muito próximo de Musk tivesse o comando da Nasa. Isso porque o bilionário, dono da SpaceX, é atualmente um dos principais nomes do ramo espacial dos Estados Unidos.

Nessa quarta-feira (9), o presidente voltou a usar suas redes para comunicar a nomeação de Sean Duffy, seu secretário de transportes, como chefe interino da Nasa. “Será um líder fantástico da cada vez mais importante agência espacial, mesmo que apenas por um curto período de tempo”, disse, em post.

Espera-se que Duffy comande a Nasa pelo período de seis meses até que um gestor permanente possa ser indicado ao cargo. Nesse meio-tempo, ele manterá seu cargo no Gabinete, balanceando as duas funções.

Fonte: Revista Galileu

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