O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, decidiu não indicar um embaixador para a representação diplomática ucraniana em Brasília. A informação foi confirmada ao Metrópoles por fontes ligadas à chancelaria do país nesta segunda-feira (21).
Desde o início do terceiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil é alvo de críticas por parte da Ucrânia.
Para o governo de Volodymyr Zelensky, gestos e falas do líder brasileiro são vistos como posicionamentos pró-Rússia.
A situação entre os dois países escalou após Lula viajar à Rússia, no início de maio, para participar das comemorações do 80º aniversário do Dia da Vitória em Moscou.
Na época, o governo ucraniano recusou ao menos duas tentativas de conversas telefônicas entre Lula e Zelensky.
A tentativa de reaproximação de Lula com Zelensky foi vista por Kiev como um gesto de “cinismo”, com o objetivo de “mascarar” um possível novo sinal positivo a Putin.
A diplomacia brasileira, no entanto, nega qualquer crise na relação entre os dois países. Fontes ouvidas pelo Metrópoles afirmam que o diálogo, a nível diplomático, funciona bem. O que o governo do Brasil tem buscado, acrescentaram, é o resgate da diplomacia presidencial entre Lula e Zelensky — que praticamente não têm diálogos desde o último ano.
Na última cúpula do G7, no Canadá, um encontro entre os dois presidentes chegou a ser anunciado. A reunião, porém, não aconteceu devido a problemas de agenda.
Mais cedo, o líder ucraniano informou que se reuniu com o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha. No encontro, o nome de 16 novos embaixadores ucranianos foram definidos.
Sem um chefe desde o início de junho, quando o diplomata Andrii Melnyk deixou o posto em Brasília para assumir um cargo na Organização das Nações Unidas (ONU), a embaixada da Ucrânia no Brasil continuará sem embaixador.
A decisão surge após o governo da Ucrânia mostrar insatisfação com alguns posicionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vistos como favoráveis à Rússia.
No mundo diplomático, manter uma embaixada sem um embaixador é visto como um sinal de descontentamento de um país em relação a nação que recebe a missão diplomática.
Fontes diplomáticas ligadas a chancelaria brasileira, porém, negam qualquer problema envolvendo a indicação de um novo embaixador ucraniano para o Brasil. Os nomes anunciados em países vizinhos do Brasil, segundo autoridades consultadas pelo Metrópoles, foram definidos anteriormente, e só anunciados agora.
“Sobre o Brasil, a informação que tenho do vice-ministro das Relações Exteriores da Ucrânia é que, com a saída do Melnyk, que ocorreu há dois meses apenas, eles irão discutir internamente candidatos, e isso demora. Foi-me dito que a demora é normal, e que o Brasil é um país ‘muito importante’ para a Ucrânia. Portanto, o processo é trabalhoso”, afirma um funcionário da diplomacia brasileira que pediu anonimato.
Aproximação com a América Latina
Conforme antecipado pela reportagem, Zelensky também anunciou a abertura de quatro novas embaixadas da Ucrânia, no Equador, República Dominicana, Panamá e Uruguai.
Ao mesmo passo em que aumentou a presença na América Latina, o governo ucraniano decidiu reduzir a relação diplomática com Cuba, informaram fontes.
Fonte: Metrópoles