O serviço de segurança interna da Ucrânia afirmou nesta sexta-feira (9) ter interceptado um telefonema que prova que um grupo de sabotagem russo destruiu a barragem de Kakhovka, no sul do país.
Os ucranianos colocaram o áudio da alegada conversa – de um minuto e meio – numa rede social. No diálogo, dois homens, usando o idioma russo, conversam sobre as consequências do desastre.
“Eles [os ucranianos] não atacaram. Esse era o nosso grupo de sabotagem. Eles queriam assustar [as pessoas] com aquela barragem”, disse um dos homens, descrito como um soldado russo.
“Não saiu conforme o planejado e [eles fizeram] mais do que planejaram”, argumentou.
A Norsar, agência de análise sísmica da Noruega, disse que analisou sinais sísmicos de uma estação regional em Bucovina, na Romênia. Os sinais indicam uma explosão na terça-feira. Segundo a Norsar, o momento e o local coincidem com o colapso da barragem.
Inundações
A destruição da barragem provocou inundações em massa na região, forçando a fuga de milhares de moradores. O Ministério para Situações de Emergência da Rússia revelou que retirou mais de 1,5 mil pessoas de áreas inundadas na região de Kherson, no leste da Ucrânia.
O ministério disse que os trabalhos de resgate continuam na área, onde está “um grupo de mais de 190” homens de operação com 66 veículos, sendo que os serviços de emergência de outras cidades “foram colocados em alerta”.
Num comunicado, citado pela agência noticiosa oficial russa Tass, o ministério garantiu que estão sendo criadas equipes para tentar reduzir as consequências das inundações.
Nos últimos dias, os ucranianos acusaram o exército russo de atacar as operações que tentam retirar milhares de civis das zonas inundadas na sequência da destruição da barragem.
De acordo com Kiev, uma pessoa morreu e 18 ficaram feridas, incluindo membros dos serviços de emergência, nos ataques russos ao centro de Kherson e arredores.
A Ucrânia e os seus aliados, incluindo Estados Unidos e a União Europeia, condenaram os ataques às operações de salvamento em Kherson, apelando à Rússia para que permita o acesso sem entraves da ajuda após a destruição da barragem de Kakhovka.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky reuniu-se – por videoconferência – com a ativista sueca Greta Thunberg e outros especialistas em mudanças climáticas para avaliar as consequências da destruição da barragem.
Pressão
Segundo o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andrey Yermak, Thunberg disse estar “preparada para pressionar as organizações internacionais relevantes” para que respondam ao desastre.
O chefe de Estado ucraniano anunciou a criação de um “grupo de trabalho internacional de alto nível” para “consolidar os esforços do mundo inteiro para responsabilizar a Rússia pelo ecocídio [extermínio deliberado de um ecossistema] na Ucrânia”.
Um dos problemas mais agudos é como manter o abastecimento de água potável para várias vilas e cidades que antes dependiam da barragem e do reservatório atrás dela.
Agência Brasil