ARACAJU/SE, 6 de outubro de 2024 , 12:24:28

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Café comum ou descafeinado é mais saudável? Saiba mais detalhes sobre diferenças entre eles

 

O café pode ser uma das bebidas mais populares do mundo, mas as pessoas estão cada vez mais recorrendo ao descafeinado por preocupação com a saúde. Pesquisas mostram que, somente nos Estados Unidos, 26 milhões de pessoas tomam café descafeinado regularmente, seja por preocupações com a pressão alta, pelo desejo de limitar a cafeína no final do dia, para evitar interrupções no sono ou devido a sensibilidades à cafeína.

Sejam quais forem os motivos que levam uma pessoa a mudar, “o descafeinado está se tornando cada vez mais popular”, diz Lauren Ball, professora de saúde comunitária e bem-estar na Universidade de Queensland, em Brisbane, Austrália.

Mas o café comum traz benefícios para a saúde por si só, incluindo a redução do risco de desenvolver diabetes tipo 2, a redução do risco de desenvolver doenças neurológicas, como a demência, e a redução do risco de morte. Enquanto isso, há preocupações crescentes com a saúde em relação a um método específico de remoção da cafeína dos grãos de café, pois ele utiliza um produto químico nocivo chamado cloreto de metileno.

Então, quais são os benefícios do café descafeinado para a saúde e como eles se comparam aos do café normal com cafeína?

Como o descafeinado se compara ao café comum

A boa notícia é que muitos dos benefícios do café para a saúde ainda são encontrados no café descafeinado, diz Luis Rustveld, nutricionista registrado e professor assistente de medicina familiar e comunitária na Baylor College of Medicine, em Houston, Texas. Como observa Rustveld, o café contém vários compostos importantes, muitos dos quais permanecem mesmo após a remoção da cafeína.

Acredita-se que a razão para isso seja devido aos níveis de antioxidantes nos grãos de café, muitos dos quais permanecem mesmo sem a cafeína presente.

“Há diferentes maneiras de remover a cafeína, mas, de modo geral, observando os compostos químicos dos grãos de café, parece que ainda há alguns benefícios protetores”, diz Dolores Wood, nutricionista registrada na Escola de Saúde Pública do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, no estado norte-americano de Houston.

Dependendo de como a cafeína é removida dos grãos de café, isso pode reduzir as quantidades de antioxidantes em comparação com o café comum, mas, de modo geral, os níveis ainda são altos, sendo que o café representa uma fonte significativa de antioxidantes dietéticos para muitas pessoas.

Isso pode se traduzir em benefícios reais para os consumidores de descafeinado. Em uma meta-análise de 2014 de 28 estudos diferentes, os pesquisadores descobriram que tanto os consumidores de café descafeinado quanto os regulares tinham um risco reduzido de desenvolver diabetes tipo 2. Quanto mais café uma pessoa relatou beber em um dia, menor o risco de desenvolver a doença.

 Os prós e os contras da cafeína

No entanto, há algumas diferenças sutis nos benefícios do café descafeinado e do café comum. Mas é difícil analisar se os efeitos encontrados nesses estudos se devem à falta de cafeína no descafeinado; às alterações feitas no café como resultado da remoção da cafeína; ou ao menor número de consumidores de descafeinado.

Em um estudo de 2022 publicado no “European Journal of Preventive Cardiology”, os pesquisadores acompanharam os resultados de saúde de 449.563 participantes durante 12,5 anos, observando a taxa de doenças cardiovasculares em consumidores de café e não consumidores. Eles constataram uma redução no risco de doenças cardiovasculares e morte em todos os consumidores de café, incluindo pessoas que bebiam descafeinado.

A única grande diferença encontrada pelos pesquisadores foi que o café descafeinado não foi associado a uma redução nas arritmias. Isso pode ser devido ao fato de a cafeína ter um efeito estabilizador no ritmo cardíaco, bloqueando os receptores de adenosina, diz Peter Kistler, cardiologista do Baker Heart and Diabetes Institute do The Alfred, um hospital em Melbourne, Austrália.

Como resultado, a American Heart Association (Associação Americana do Coração) e a American College of Cardiology (a Faculdade Americana de Cardiologia) emitiram uma recomendação para que os médicos evitassem dizer aos pacientes que deveriam parar de tomar café – o que eles já faziam há muito tempo devido à preocupação de que o café estivesse ligado à fibrilação atrial.

A cafeína também pode ajudar a aliviar as enxaquecas, com pesquisas mostrando que, para pessoas que sofrem de casos de enxaquecas episódicas, o consumo regular de cafeína pode diminuir a frequência destas dores. Estudos também sugerem que a cafeína pode ajudar a aumentar os efeitos dos medicamentos para esse tipo de problema, tornando-os mais eficazes. Para outras pessoas, no entanto, a cafeína pode desencadear dores de cabeça ou piorá-las.

Mas isso não significa que mais cafeína seja a resposta, diz Ina Bergheim, pesquisadora nutricional da Universidade de Viena. “Se a cafeína fosse a única razão pela qual o café fosse benéfico, provavelmente veríamos efeitos semelhantes nos refrigerantes”, diz Bergheim.

A recomendação atual da FDA (a federação que administra alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, e que seria o equivalente à Anvisa no Brasil) é que não se exceda 400 miligramas de cafeína por dia, sendo que uma xícara de café de 240 ml contém entre 80 e 100 miligramas.

Os efeitos da cafeína podem variar, mas algumas pessoas são muito mais sensíveis a eles. Em curto prazo, o consumo excessivo de cafeína pode causar nervosismo, perturbações do sono, desconforto gastrointestinal, dores de cabeça ou coração acelerado.

A longo prazo, esse mesmo consumo excessivo pode levar a sintomas de abstinência, como dores de cabeça, se a pessoa tentar parar.

Tomar ou não café? Depende de quais são seus outros hábitos

Um dos motivos pelos quais os benefícios do café para a saúde têm sido debatidos há tanto tempo é o fato de que seu consumo muitas vezes pode ser acompanhado de outros hábitos, alguns dos quais podem dificultar muito a análise da verdadeira causa e efeito. “Não há estudos perfeitos sobre isso”, diz Bergheim.

Em vez disso, os pesquisadores tiveram que analisar a causa e o efeito do consumo de café rastreando os hábitos e os resultados de saúde de muitas pessoas, o que introduz o risco de combinar fatores que estão correlacionados, mas não são causais.

Por exemplo, em um grande estudo que acompanhou os hábitos de consumo de café de mais de 200 mil profissionais da saúde, os pesquisadores descobriram que o consumo de café estava associado a uma taxa mais alta de consumo de cigarros – e que os riscos à saúde que eles enfrentavam, como o câncer de pulmão, eram devidos ao fumo e não ao café.

O mesmo pode se aplicar a outros hábitos que andam de mãos dadas com o consumo de café, como a adição de muito açúcar. Segundo outro estudo, o consumo regular de café está associado a uma redução do ganho de peso ao longo do tempo, mas somente se os consumidores tomarem o café preto ou com creme, mas sem açúcar. Isso se aplica independentemente de as pessoas estarem tomando café normal ou descafeinado. “Tomar café sem açúcar parece ser a melhor opção, seja ele descafeinado ou normal”, diz Ball.

Fonte: National Geographic Brasil

 

 

 

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