O Brasil registra 59 notificações relacionadas à intoxicação por metanol, até a tarde desta quinta-feira (2), segundo informou o ministro da Saúde Alexandre Padilha durante coletiva de imprensa. Dessas 59, 11 já têm a detecção laboratorial da presença do metanol.
Em relação aos estados dos registros, o ministro informou que: 53 são de São Paulo, cinco são de Pernambuco e um é do Distrito Federal.
Padilha ainda informou também que foi estabelecido um estoque de etanol farmacêutico nos hospitais universitários federais e a compra de 4.300 ampolas para que elas estejam disponíveis para qualquer centro de referência ou unidade de saúde que não tenha.
“Já temos um estoque desse produto, e estamos ampliando. Vamos chegar na compra de mais 4.300 ampolas, que estarão disponíveis a qualquer estado, qualquer centro de referência, qualquer unidade de saúde que não tenha esse etanol farmacêutico. Vários estados compram esse produto e já têm esse produto disponível. Eventualmente, estados, secretarias estaduais e municipais que não tiverem, elas podem acionar esses estoques que estão concentrados nos hospitais universitários e a gente pode deslocar isso de imediato”, afirmou.
O metanol é um álcool usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, é altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.
O etanol farmacêutico age como antídoto, pois impede que o metanol seja convertido em ácido fórmico, uma substância ainda mais perigosa.
O ministro também afirmou que está sendo feita uma orientação para os gestores municipais e estaduais de como acessar o etanol farmacêutico. Além disso, disse que a Anvisa mapeou no Brasil 604 farmácias que já o produzem.
“Nós vamos passar esses dados também para os gestores estaduais e municipais para que eles possam adquirir caso seja necessário”, afirmou.
“Dessas 604 farmácias, a Anvisa vai estabelecer uma, duas ou três de grande referência em todas as capitais dos estados da federação. Estabelecer farmácias que tenham capacidade de uma resposta mais rápida ao pedido de gestores municipais e estaduais”.
Padilha ressaltou que, em casos suspeitos de intoxicação por metanol, o etanol farmacêutico deve ser utilizado rapidamente.
“Se for mais rápido, o efeito vai ser maior porque ele compete com o metanol no processo de metabolização. Com isso, ele reduziria os efeitos. A utilização dele pode não só evitar a morte, mas também evitar sequelas e agravos”, disse.
“O profissional de saúde é obrigado a perguntar para aquela pessoa o que ela acha que ingeriu. Se foi em uma festa a gente identifica e vai identificar quem forneceu a bebida para aquela festa, se alguém que comprou numa festa menor. Isso permite o rastreamento de onde vem aquela bebida”, afirmou Padilha.
Ele também falou sobre o fomepizol, que é um medicamento utilizado como antídoto nos casos de intoxicação por metanol, etilenoglicol e dietelinoglicol.
Contudo, ainda não está disponível no Brasil, e precisa ser importado, embora conste na lista de antídotos dos medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“O manejo de aplicação dele [fomepizol] é mais fácil. Por isso é uma alternativa que estamos buscando. Não tem grande circulação no mundo, mas fomos atrás dos produtores”.
Na coletiva, Padilha também enfatizou a instalação, em Brasília, de uma “sala de situação” para monitorar os casos crescentes de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica e coordenar as medidas a serem adotadas.
O Ministério da Saúde afirma que a equipe técnica da sala de situação será composta por representantes dos ministérios da Saúde, Justiça e Segurança Pública, Agricultura e Pecuária, pelos conselhos Nacional de Saúde (CNS), Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), Anvisa e as secretarias de Saúde de São Paulo e Pernambuco.
Rapper Hungria é internado com suspeita de intoxicação
O rapper Hungria, de 34 anos, foi internado em Brasília, nesta quinta-feira (2), por suspeita de ter ingerido “bebida adulterada”.
Segundo a assessoria do cantor, ele bebeu vodca na casa de um amigo durante a madrugada em Vicente Pires, região do DF a cerca de 20 km do centro de Brasília. O rapper teria sido o único a ingerir a bebida.
Hungria, de acordo com o boletim médico, deu entrada no hospital com dor de cabeça, náuseas, vômitos, visão turva e acidose metabólica, quando o sangue fica muito ácido e os rins não conseguem eliminar o excesso. Esses sintomas são similares aos de alguém intoxicado por metanol.
Os médicos iniciaram o tratamento especializado e informaram que investigam o quadro. Ainda na tarde desta quinta, o cantor foi transferido para UTI onde passou por uma hemodiálise.
Segundo o assessor do artista, o procedimento — uma filtragem do sangue fora do corpo, em uma máquina —, é feito por precaução e conforme orientação médica.
Dias antes, no último fim de semana, Hungria fez shows em três cidades do interior de São Paulo: Marília, na sexta-feira (26), em São João da Boa Vista no sábado (27) e em São Bernardo do Campo no domingo (28).
A assessoria do cantor informou, às 12h desta quinta, que ele está fora de risco iminente.
O caso será investigado pela 1ª Delegacia de Polícia Civil do DF (Asa Sul). Brasília não registrou nenhum caso de intoxicação pelo composto até a noite de quarta-feira.
A assessoria do Hungria informou que os shows deste fim de semana serão remarcados.
Segundo o site, as próximas apresentações seriam em Ribeirão das Neves (MG), na sexta-feira (3), e em Curvelo (MG), no sábado (4).
Fonte: G1