ARACAJU/SE, 30 de junho de 2025 , 16:58:22

Brasil deve perder toda a população de jumentos até 2030; culpa é atribuída à China

 

A população de jumentos no Brasil pode desaparecer completamente até o final da década, segundo informações da Agência Brasil, a agência de notícias estatal. A principal causa é a crescente demanda da China pela gelatina eijao, colágeno extraído da pele desses animais e utilizado na medicina tradicional chinesa. O produto é valorizado por seus supostos efeitos terapêuticos. Em duas décadas, o país já perdeu 94% da espécie.

Dados expostos no 3º Workshop Jumentos do Brasil, realizado em Maceió na semana passada, mostraram que a população de jumentos no Brasil saiu de 1,3 milhão em 1996 para 78 mil em 2025.

De acordo com a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, o país não possui fazendas de reprodução desses animais, o que torna a atividade de abate essencialmente extrativista. Os jumentos são capturados, muitas vezes de forma irregular, e levados a abatedouros, principalmente na Bahia, onde são mortos e têm suas peles exportadas para a China.

Um relatório da organização internacional The Donkey Sanctuary revelou que a demanda global por eijao cresceu 160% entre 2016 e 2021. Em 2021, foram abatidos 5,6 milhões de jumentos no mundo; a previsão é que esse número chegue a 6,8 milhões em 2027. A entidade também aponta que o fim da espécie trará impactos sociais, principalmente para famílias de agricultores familiares que dependem do animal nas plantações.

“[Os jumentos] Atuam em locais de difícil acesso, como lavouras de cacau em pequenas propriedades, mas além de sua função econômica, têm ainda outros potenciais. São, ainda, excelentes animais de criação para companhia, pois, embora sejam grandes, são muito dóceis e inteligentes”, destaca a médica-veterinária Patrícia Tatemoto, que coordena a campanha da The Donkey Sanctuary no Brasil.

Ela acrescenta que a gestação dos jumentos dura 12 meses e o tempo de maturação para o abate em torno de 3 anos, o que eleva os custos para criação em fazendas.

A extinção dos jumentos também representa uma perda cultural. Esses animais são parte do imaginário nordestino, associados ao trabalho no campo e à religiosidade popular. Sua presença é marcante em festas, músicas e tradições do sertão. Além disso, o jumento também é essencial para o transporte de água em localidades mais pobres da Região Nordeste.

Fonte: Gazeta do Povo

 

 

 

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