O engenheiro aeroespacial Felipe Rossi construiu carreira na fabricação de peças e na montagem de aviões na Embraer antes de decidir alçar voo solo na reforma de casas nos Estados Unidos, utilizando seus conhecimentos de tecnologia, mas também de processos, para ganhar escala.
A jornada iniciada em 2023 com um caminhão e três funcionários fazendo calhas e pinturas virou a Houser, plataforma com 30 colaboradores que já conectou mais de 150 empresas ou profissionais também de telhados, forros, cercas e limpeza com jato de pressão, a mais de três mil residências na Flórida – à exceção de Miami, por considerar a cidade já muito verticalizada.
“Nosso processo é muito similar ao do Uber, com venda 100% on-line e imediata conexão com instaladores, que precisam atender a uma série de exigências e certificações”, conta Rossi, que hoje não tem mais caminhões nem equipe de obras própria.
Um dos diferenciais desse ‘Uber’ da reforma é o orçamento rápido feito por inteligência artificial com base nas imagens da casa via satélite do Google Earth, que permitem extrair as medidas externas imediatamente, segundo o fundador. Para estimar o preço para serviços do lado de dentro da casa, a construtech planeja usar fotos enviadas pelos clientes.
A partir daí, um prestador é acionado e tem 24 horas para confirmar o agendamento do serviço, antes que ele seja oferecido a outra empresa da plataforma. O pagamento é feito diretamente à Houser, que acompanha a execução e só então repassa os valores às empresas parceiras, ficando com uma comissão média de 20%.
Com isso, a startup intermediou US$ 850 mil em serviços no seu primeiro ano, US$ 2,8 milhões em 2025 e espera chegar a US$ 7 milhões até dezembro, com o segundo semestre tipicamente mais aquecido para o setor de reformas nos Estados Unidos. O único aporte na operação até o momento foi do próprio Rossi, de US$ 400 mil. Os outros cinco sócios entraram com capital intelectual e trabalho.
Para 2026, o plano de voo não é menos ambicioso: o empreendedor espera faturar US$ 35 milhões apoiado pela oferta de novos serviços – entre os 40 que eles já têm mapeados para lançar aos poucos, como painéis solares – e por investimento em marketing, além da chegada a outros três estados americanos: Geórgia, Carolina do Norte e Carolina do Sul.
Para isso, ele busca até US$ 3 milhões em uma rodada seed já em conversas com cinco fundos de venture capital – quatro brasileiros e um de Portugal. Ele projeta ainda uma rodada série A daqui a um ano para levantar US$ 20 milhões, e chegar ao IPO na Nasdaq até 2030, com um valor de mercado almejado em US$ 3,5 bilhões.
“A engenharia aeroespacial e a construção civil dependem muito de padronização, especialmente nos Estados Unidos. Isso me deixou bastante confortável para crescer nesse ambiente”, comenta o empreendedor. “Tem que ter muito processo e repetição para ganhar escalabilidade, e tem que ser muito seguro para isso funcionar corretamente”.
Fonte: Pipeline/Valor Econômico
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